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CarnaFunk

Como o estilo que não para de crescer roubou a cena no CarnaUOL e promete mais

Leonardo Rodrigues Do UOL, em São Paulo Felipe Gabriel/UOL

A levada começou tímida há cerca de cinco anos, na batida da folia de rua. Hoje, com o sucesso de blocos e trios comandados por Anitta e Ludmilla, o fenômeno se cristalizou. Com o funk crescendo por todas as frentes, inclusive internacionais, já é praticamente impossível desassociar o estilo nascido nos morros cariocas do tão tradicional —mas cada vez mais aberto— Carnaval brasileiro.

A sétima edição do CarnaUOL, que aconteceu no sábado (8) no Jockey Club paulistano, foi mais um capítulo dessa escalada que já dura duas décadas e não dá pinta de arrefecer tão cedo. Quem segura o funk?

Felipe Gabriel/UOL
Alexandre Schneider/UOL

Estreia oficial do funk

Como já é tradição em São Paulo, o CarnaUOL 2020 abriu o calendário carnavalesco da cidade com ritmos diversos, numa escalação feita de pop, música eletrônica, sertanejo e axé. A novidade foi o primeiro artista de funk do festival, depois da participação de Anitta no show da Banda Eva em 2017: MC Zaac (foto), paulista que gravou "Vai Malandra" ao lado da cantora carioca e acaba de lançar videoclipe de "Are U Gonna Tell Her?" com a cantora sueca Tove Lo.

Flávio Moraes/UOL

Fórmula de sucesso 

Mesmo com o sol do meio da tarde e sob forte calor, o show de Zaac foi um dos mais empolgantes do festival. Com camisa verão, óculos new wave e bermuda rosa, o funkeiro apostou em hits, covers, incluindo de Anitta, referências ao sertanejo, reggaeton e um set com DJ acompanhado de baixo e guitarra. Ele sabe que o futuro está na mistura, assim como Luísa Sonza, que mais tarde rebolou até o chão com "Combatchy", sua parceria com Anitta, Lexa e MC Rebecca, "Verdinha" e "Onda Diferente", de Ludmilla. Ela ainda fez referências ao gênero carioca em "Cavalgada", sua parceria com o Heavy Baile, e "Ritmo Contagiante", um feat. que gravou com Kevin O Chris.

Além disso, o CarnaUOL teve a eletrizante participação de Iza (foto), que fez um show poderoso e coeso, também pegando emprestado elementos do gênero.

Felipe Gabriel/UOL

Por que funciona no Carnaval?

A reportagem do UOL conversou com o público do CarnaUOL para entender melhor por que o casamento entre funk e o Carnaval vem dando certo. Nem todos concordam com isso, mas a maioria usa como justificativa a diversidade da festa, que cresceu nos últimos anos e deixou de ser sinônimo de samba, marchinha e ritmos como o axé, que perdeu bastante espaço na última década. E é aí que entraram os sertanejos e, mais recentemente, os funkeiros.

André Nery/PCR

Carnaval em transformação 

As mudanças promovidas pelos novos ritmos populares em ascenção também importa, segundo quem gosta de pular Carnaval. "Cada Carnaval do Brasil é de um jeito. Em Pernambuco, o frevo domina. É mais tradicional. Na Bahia ainda tem muito axé e vários outros estilos nos trios. Mas no Rio e em São Paulo, onde o funk é muito forte, a coisa está mudando mais depressa. Esse ecletismo é ótimo para o Carnaval", diz o publicitário paulista Marcelo Borges, 26 anos.

Alexandre Schneider/UOL

A liberdade sobre o corpo

Carnaval é a festa da carne, quando os corpos são convidados à exposição e a música serve como combustível para a dança. E há quem diga que o batuque ancestral do samba tem lá sua semelhança com os batidões funkeiros. "São ritmos diferentes, sim, mas os dois são fortes, quentes, bons para festa e que, no fundo, falam sobre a vida, sobre a liberdade sobre os corpos", entende a fisioterapeuta Maria Gomes, 29, que curte o Carnaval há 15 anos. 

Bruna Prado/UOL

E o futuro, como vai ser? 

Com todo esse movimento, fica o vislumbre: o funk vai em breve desbancar o sertanejo no Carnaval e dominar tudo que não seja desfile de escola de samba. Kondzilla será o novo rei momo fit? "Não, aí já é demais. Desfile de escolas de funk não vai ter, não. Mas você já viu que as baterias das escolas de samba usam muito o funk nas paradinhas, né? Tem muito tempo que isso acontece. O funk está aí", conclui o enfermeiro Jonas Alberto, 35. 

Desfile de escola de funk não vai ter, não. Mas você já viu que as baterias das escolas de samba usam muito o funk nas paradinhas, né? Tem muito tempo que isso acontece. O funk está aí

Jonas Alberto, Enfermeiro, 35 anos, frequentador do CarnaUOL

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Reprodução/Instagram @ludmilla

Funk tipo exportação

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Publicado em 10 de fevereiro de 2020

Edição: Liv Brandão; Reportagem: Leonardo Rodrigues;

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