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Chutando portas

Christian Malheiros viu nas políticas públicas o caminho para uma carreira de sucesso no cinema e na TV

Luiza Antunes Colaboração para Ecoa, de Sheffield (ING) Gustavo Canuto

São apenas cinco anos de carreira, mas Christian Malheiros já arrombou muitas portas, como ele diz. Seu filme de estreia, "Sócrates" (2018), rendeu ao jovem de 22 anos uma indicação de melhor ator no Independent Spirit Awards, principal premiação do cinema independente. Ao lado de Rodrigo Santoro, foi protagonista em "7 Prisioneiros" (2021), longa sobre o trabalho escravo moderno.

Também é destaque na série "Sintonia", na Netflix, e na última temporada de "Sessão de Terapia", no Globoplay. Para completar, foi homenageado como um dos principais jovens brasileiros nas artes, na lista Forbes Under 30.

Christian nasceu e cresceu na periferia de Santos. Aos 9 anos, escondido da mãe, entrou de brincadeira numa oficina de teatro do Projeto Mais Educação e nunca mais parou de atuar. "Eu tenho muito orgulho de falar que sou fruto de políticas públicas dentro da periferia. Fui salvo pelo teatro. Eu não sei onde estaria agora se não fosse isso. Eu poderia estar no tráfico. Eu poderia ser o Nando (personagem da série Sintonia). Ou poderia ser uma pessoa comum. Mas não sou, graças ao teatro. Eu sou o teatro, eu sou o meu ofício."

Em entrevista a Ecoa, Christian Malheiros conta sua história, discute o papel social do cinema e a importância de políticas públicas de cultura para jovens da periferia.

Gustavo Canuto

Nos últimos 5 anos, seus papéis foram de jovens da periferia lutando por condições melhores de vida. Você faz algum paralelo dessas histórias com a sua própria?

Sim. Em muitas das vivências a gente se encontra, principalmente num sentimento de indignação, em situações em que a gente está sempre à margem da sociedade. São personagens que partem do mesmo lugar que eu.

Tem coisa que eu aprendo muito, mas muitas experiências pessoais minhas eu empresto para esses personagens. Situações de racismo, situações onde nosso valor é colocado em dúvida. Situações onde você tem que escolher se você vai para uma vida errada. A gente está sempre ali na corda bamba, a educação e o teatro me salvaram.

Como você faz para ocupar espaços, contar histórias e vencer estereótipos no audiovisual?

Eu brigo. Defendo muito o meu. Tento entrar muito em acordo. A minha luta é sempre colocar a minha visão nesses personagens. Eu chamo os diretores para uma conversa, meto a mão em roteiro, coloco as minhas ideias.

Brigo muito pelas coisas que acredito. E eu, como um homem negro, me recuso a fazer tudo que vá contra as minhas bandeiras. Se eu não acredito naquilo, não faço. E quando eu vejo coisas que vão contra o que eu acredito, tento sempre avaliar, mudar, defender.

Sempre tento me infiltrar nesses lugares para que a existência desses personagens não seja ageira, não seja banalizada.

É muito difícil você ser da periferia e furar algumas bolhas. Eu reconheço que eu furei algumas bolhas. Que eu arrombei algumas portas.

Christian Malheiros, ator

A sua atuação é marcada por personagens que viveram violência, dores, silêncios. Como você se prepara para interpretar histórias como essas?

A partir do momento que pego personagens marginalizados, personagens que, de uma certa forma, o próprio cinema fez questão de desumanizar, a minha maior preocupação é humanizar esses personagens, é trazer o dilema e a reflexão.

Não questionar se aquele cara é mau ou bonzinho, mas porque ele está nessa situação? O que faz ele chegar do ponto A ao ponto B? E aí a gente vai entendendo que não estamos falando apenas desses personagens, estamos falando de uma situação que é um país. No caso de "7 Prisioneiros", a gente está falando de uma questão mundial. Mais de 40 milhões de pessoas estão em condições de trabalho análogo à escravidão.

Então, acaba sempre caindo nesse lugar social e humano. Meu trabalho transita nesse lugar da humanização, da discussão, da reflexão. Essa é a minha preparação para esses personagens. É o lugar que ocupo.

Eu acho que meu trabalho está mais no silêncio do que na fala. Tem uma frase que eu sempre gosto de repetir: "é tudo isso, mas o resto é silêncio". O silêncio diz muita coisa.

Aline Arruda/Netflix Aline Arruda/Netflix

O cinema brasileiro tem cada vez menos incentivo governamental, ao mesmo tempo em que é um espaço importante de críticas sociais. Como você se enxerga nesse espaço? Por que escolheu o cinema?

Eu não escolhi o cinema. Eu fui puxado. O cinema me raptou. Nunca me imaginei na câmera, nunca me imaginei nesses lugares. E o cinema chegou na minha vida de forma arrebatadora.

Acredito que o cinema cumpre uma função social no Brasil, no mundo, que vai além do entretenimento. Até numa grande comédia a gente consegue educar nosso povo, mostrar uma outra realidade e denunciar algumas questões.

E o cinema hoje está sucateado. Mas por quê? Porque a gente é um perigo para o pensamento antigo, retrógrado. Um povo sem cultura é um povo que não vai saber o seu valor. Então é esse lugar que eles vão atacar.

Mas, enquanto a gente estiver aqui, vai ser produzido. A gente vai trabalhar, a gente vai resistir, a gente vai lutar. A gente vai sonhar com dias melhores. O cinema é muito mais que fazer cinema, você está comprando uma ideologia, você está comprando uma briga.

Ao mesmo tempo, como o cinema, ou o teatro, poderiam ser menos elitizados?

A gente ainda esta num lugar muito elitizado, de pouco o. A arte sempre foi quase um artigo de luxo. O mais importante é conseguir desmistificar, conseguir tirar desse lugar.

Muitas obras também não comunicam com a grande massa. Existe a necessidade de produzir obras que comuniquem com essas pessoas. Que criem um lugar de representatividade, de identificação. Para conseguir pulverizar o o à arte.

A arte precisa invadir mais outros lugares que hoje ela não a. É necessário que o fazer teatral, o fazer cinema independente, vire iniciativas públicas dentro de escolas e de espaços culturais. Que as pessoas comecem a entender como contar suas narrativas desde cedo. Não é que todo mundo nesse país vai virar cineasta, mas as pessoas vão ter o a uma coisa e vão entender que aquilo também é delas.

Gustavo Canuto

Você se envolveu com o teatro na infância por meio de políticas publicas em prol da arte e cultura na periferia. Como esse projeto impactou sua realidade na época?

Esse lugar das politicas publicas culturais dentro da periferia é muito importante, porque trabalha justamente no desenvolvimento do cidadão.

Eu sou uma pessoa que me descobri ali dentro. Eu fui estudar, fui ser ator, fui me formar na escola de teatro, fazer cinema e muitas coisas legais. Mas tem muitos amigos meus que não foram por esse caminho. Mas são pessoas com senso crítico, senso de humanidade e comunidade muito grande. São pessoas que hoje têm filhos e educam seus filhos com um pensamento político.

As políticas públicas, principalmente culturais, agem na formação do ser humano, do cidadão. Minha ética, meu lugar, minha percepção, minha forma de enxergar o mundo, eu devo ao teatro e às políticas publicas que me possibilitaram ter contato com isso. Mudou a minha vida.

O que você diria para outros jovens negros de periferia que queiram um espaço no mundo das artes? Quais são as dicas ou conselhos que você daria?

Primeiramente, eu falaria: estude. Estudar é importante para você saber a sua condição no dia de hoje. Seu lugar, o lugar que você ocupa. O lugar que você pretende ocupar. Estudar aquilo que você queira fazer.

E existem dois caminhos: ou você cria as oportunidades, ou você arromba portas. Eu escolhi arrombar portas. Então eu diria isso: vá preparado. Porque não é fácil.

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