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Formador de sensação do Palmeiras avisa que tem mais craques nas periferias

Patrick de Paula quando jogava pelo Cara Virada no Amador Carioca - Divulgação/Cara Virada
Patrick de Paula quando jogava pelo Cara Virada no Amador Carioca Imagem: Divulgação/Cara Virada

Diana Carvalho

De Ecoa, em São Paulo

11/08/2020 04h00

"Não tem aquele ditado que diz que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? Então, aqui cai sempre!". A brincadeira de Carlos Felipe, 47, mostra a tranquilidade com que vem lidando com o assédio da imprensa para falar sobre o "projeto Patrick".

O jogador de 20 anos Patrick de Paula, que foi decisivo na conquista do Campeonato Paulista pelo Palmeiras no sábado (8), batendo a última cobrança de pênalti, é cria do Cara Virada, projeto social que Carlos Felipe, o Zanata, formou ao lado de três amigos no bairro suburbano de Santa Margarida, no Rio de Janeiro.

"Acredita que você é a primeira que me liga para saber do Cara Virada? Todo mundo só quer saber do Patrick... Mas, olha, vou te dizer, nosso trabalho não tem a ambição de revelar jogadores, não. Nosso trabalho sempre buscou formar crianças e jovens cidadãos. Mostrar que existe um futuro possível, seja ele no futebol ou não", conta.

Patrick de Paula foi decisivo na final do Campeonato Paulista  - Cesar Greco/Ag. Palmeiras - Cesar Greco/Ag. Palmeiras
Patrick de Paula foi decisivo na final do Campeonato Paulista
Imagem: Cesar Greco/Ag. Palmeiras

Antes de se tornar um projeto social, o Cara Virada era apenas um time de amigos que se reunia para bater uma bola no final de semana. Uma partida aqui, outra ali e, de repente, já estavam devidamente uniformizados e com uma torcida única. "A gente cresceu muito entre a criançada. Menina, menino, não tinha essa, todo mundo vivia usando a camisa do time e acompanhando os jogos".

Foi então que em 2015, Zanata e os amigos decidiram aproveitar o reconhecimento e a confiança para levar mais qualidade e lazer para crianças do bairro. Ali nascia uma nova fase do Cara Virada Futebol Arte, que hoje conta com mais de 300 alunos, nas categorias sub-5 até sub-17. Participam do projeto 20 voluntários, cinco deles preparadores físicos.

"Sem querer ser pretensioso, mas o Cara Virada é uma espécie de religião entre os moradores, muita gente tem verdadeira devoção. E acolhemos todo mundo... Hoje somos um clube amador, porque nos federamos para poder participar de competições. Não basta ser só um projeto social, mesmo de futebol, em que a maioria gosta. A garotada quer competir. Quer ganhar. E isso de alguma maneira estimula a frequência de todos nos treinos, a dedicação. Não sobra tempo para cair em criminalidade e seguir por outros caminhos", diz.

O nome do projeto já mostra a marra dos jogadores que sabem que são bons e foi inspirado no futebol raiz, de quem a a bola olhando para o outro lado para quebrar o marcador.

Uma "geração de Patricks"

Patrick de Paula defendeu o Cara Virada até 2017, quando o time conquistou o Amador da Capital. O jogador foi eleito o artilheiro do campeonato com 18 gols. Nesse mesmo dia, ele foi observado por um olheiro, que o levou direto para a Academia do Palmeiras.

Patrick de Paula foi eleito artilheiro do Amador Carioca com 18 gols - Divulgação/Cara Virada - Divulgação/Cara Virada
Patrick de Paula foi eleito artilheiro do Amador Carioca com 18 gols
Imagem: Divulgação/Cara Virada

"O [Juarez] Fischer teve um olhar diferenciado, que não existe mais por parte dos grandes clubes para a periferia. Quando treinadores observam um garoto dando um baile em outros times, eles se encantam. Mas depois são os mesmos que dispensam. E por quê? Porque não existe uma paciência para se trabalhar com um atleta fora do seu habitat natural", diz.

"Aí agora me falam: 'O Patrick está voando lá no Palmeiras'. Tá sim, mas ele já voava aqui. Já sabíamos onde ele ia chegar, assim como o Daniel poderia ter chegado, o Petersson, o Yago, o Dudu... são jogadores fora da curva, que sempre deram o melhor, mas não conseguiram a mesma oportunidade. Desde sempre a gente sabe que tem muitos 'Patricks', e quando falo isso não é com desdém. A geração dele tinha pelo menos mais uns cinco tão bons ou melhores que ele. Mas por falta de oportunidade e visibilidade, esses talentos são dispensados. Grandes clubes não querem ir à periferia buscar jogadores. Não é mais um objetivo buscar um craque de bola e formá-lo atleta. Isso dá trabalho".

Esse trabalho, segundo Zanata, também está atrelado à falta de estrutura que muitos jogadores enfrentam quando precisam ar por peneiras. "Você imagina se o Patrick não tivesse sido levado por um olheiro, ele chegando lá no Palmeiras, por exemplo. Tirando o Gabriel Jesus e mais algum, que veio da periferia, todos os outros jogadores já chegam com o pai levando num carrinho importado, chuteira de última linha... É um contraste de realidade. O garoto já entra perdendo de 1 a zero, e quando olha para esse perfil de jogador na frente dele, se sente deslocado. Isso afeta o rendimento. Ele se intimida. Ainda bem que esse não foi o caso do Patrick. Esse já tinha o destino traçado, sempre foi muito determinado e de personalidade forte. Mas não são todos assim", diz.

Jogadores do Cara Virada em mais uma competição no Rio - Divulgação/ Cara Virada - Divulgação/ Cara Virada
Jogadores do Cara Virada em mais uma competição no Rio
Imagem: Divulgação/ Cara Virada

É justamente pensando na autoestima dos jogadores que o Cara Virada investe em treinos aprimorados, uniformes, chuteiras e transporte para levar garotos e garotas às competições. "A gente não pode permitir que um garoto perca um jogo, ou deixe de ir a um teste, por exemplo, porque ele se sentiu inferior. É exatamente isso que o Cara Virada trabalha. Essa autoconfiança que eles vão levar para a vida, não só para o futebol, mas em suas relações como um todo, numa entrevista de emprego. Qualquer lugar, independente se saírem jogadores ou não".

"Praça pública é o nosso CT"

Sem sede, o Cara Virada trabalha em três "centros de treinamento" na região de Santa Margarida. "Na periferia funciona assim: é na praça que acontecem os treinos. O dia que uma praça está ocupada, por alguma festa de rua, por exemplo, vamos pra outra. Jogamos no Canecão, onde o Patrick também foi treinado; na praça da 25 e no campo da 20".

Os treinos do Cara Virada acontecem nas praças do bairro de Santa Margarida, no Rio - Divulgação/ Cara Virada - Divulgação/ Cara Virada
Os treinos do Cara Virada acontecem nas praças do bairro de Santa Margarida, no Rio
Imagem: Divulgação/ Cara Virada

Com a visibilidade do "projeto Patrick", Zanata espera que o Cara Virada consiga novas parcerias para continuar o trabalho na região. "É claro que um incentivo seria bom, até mesmo da prefeitura, por quê não? Mas o que precisamos mesmo é de oportunidade, que esses meninos e meninas possam ser vistos".

Zanata faz questão de lembrar que, na semana ada, um jogador de 11 anos conseguiu entrar para a base do Fluminense, além de duas meninas que fecharam com o Botafogo. "É por isso que eu digo, aqui o raio cai mais de uma vez sim. O que precisamos é fazer disso uma oportunidade. Muitos garotos de periferia hoje sonham em ser como um Patrick, um Neymar, um Gabriel Jesus. Eles se espelham. E é nisso que precisamos nos agarrar e trabalhar para transformar em realidade".