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Minas afasta Maurício Souza, impõe multa e exige retratação 'imediata'

Diferentemente do que esperava a própria diretoria do Minas Tênis Clube, Maurício Souza aceitou dar um o atrás e se desculpar por uma postagem homofóbica feita no Instagram no dia das crianças. Pela decisão, o central foi multado pelo clube de Belo Horizonte, vai ficar um tempo afastado, mas continuará defendendo o time, que é um dos favoritos da Superliga.
Em nota, o Minas disse que o presidente do clube, Ricardo Vieira Santiago, informou Maurício sobre seu afastamento por "tempo indeterminado". "O atleta também recebeu uma multa e foi orientado a fazer uma retratação pública imediata", diz a nota.
Meia hora depois, Maurício escreveu o seguinte no Twitter. em uma conta com menos de 50 seguidores, e não no Instagram, onde postou as ofensas e tem 249 mil seguidores: "Pessoal, após conversar com meus familiares, colegas e diretoria do Clube, pensei muito sobre as últimas publicações que eu fiz no meu perfil. Estou vindo a público pedir desculpas a todos a quem desrespeitei ou ofendi, esta não foi minha intenção", escreveu, sem explicar pelo que estava pedindo desculpas.
Em sua nota, o Minas destacou que "não aceita e não aceitará manifestações intolerantes de qualquer forma e que intensificará campanhas internas em prol da diversidade, respeito e união, por serem causas importantes e alinhadas com os valores institucionais". O clube ontem havia defendido o direito de o central expressar suas opiniões e a mudança de postura veio depois de pressão de patrocinadores.
No comunicado publicado há pouco, o clube negou informação publicada mais cedo no Olhar Olímpico de que foi apresentada na reunião da diretoria em que ficou decidido o afastamento de Maurício uma carta de atletas defendendo o companheiro. "Frisamos ainda que, em nenhum momento, houve sinalização dos demais atletas do Fiat/Gerdau/Minas em deixar a equipe, como veiculado na grande imprensa." A coluna reafirma a apuração de que a carta chegou inclusive a ser lida no encontro.
A nota do Minas não diz, mas Maurício também foi informado que ele está com a corda no pescoço para ser demitido por justa causa. Ele recebeu uma primeira advertência assim que chegou ao clube, por causa de postagens nas redes sociais, e a segunda agora. Se houver necessidade de uma terceira, ela virá com demissão. Se não houver a retratação prometida, também.
Fala homofóbica gera furacão
No dia das crianças, Maurício compartilhou a reprodução de uma reportagem sobre o desenho do Superman ter se assumido bissexual com o seguinte comentário: "A, é só um desenho, nada demais. Vai nessa e vamos ver onde vamos parar". Depois, postou a foto de uma jogadora de basquete transexual dizendo: "Se você achar algum homem nessa foto você é preconceituoso, transfóbico e homofóbico".
O post de duas semanas atrás gerou intensa discussão nas últimas 24 horas, ultraando as barreiras da barulhenta comunidade do vôlei. Isso porque, ontem à noite, o Minas enfim se posicionou sobre a postagem homofóbica do central, dizendo que discordava dela, mas que defendia o direito à livre manifestação de seus atletas. Ela dizia o seguinte:
"O clube é apartidário, apolítico e preocupa-se com a inclusão, diversidade e demais causas sociais. Não aceitamos manifestações homofóbicas, racistas ou qualquer manifestação que fira a lei. A agremiação salienta que as opiniões do jogador não representam as crenças da instituição sócio-desportiva. O Minas Tênis Clube pondera que já conversou com o atleta e tem o orientado internamente sobre o assunto."
A postura do Minas, porém, gerou revolta na base de fãs do vôlei, que tem forte influência da comunidade LGBTQIA+. Esses torcedores foram às redes sociais do Minas e dos dois patrocinadores masters do time, Gerdau e Fiat, para pedir a demissão de Maurício.
Em ato coordenado, Fiat e Gerdau se posicionaram hoje, tanto em diálogos com a diretoria do Minas, quanto publicamente, exigindo, ambas as empresas, que fossem adotadas as "medidas necessárias" contra Maurício, e o quanto antes. Pressionada, a diretoria se reuniu à tarde, sabendo da vontade dos patrocinadores —e do risco de perdê-los—, da pressão da torcida, e de um movimento dos jogadores que saíram em defesa de Maurício.
Como publicou a coluna, foi lida, na reunião, uma carta em que atletas do elenco ameaçavam sair se Maurício fosse punido. A informação dada na reunião era de que todo o elenco ia. Mas ao menos dois se recusaram: Luciano e Maique, que é assumidamente gay. Pelo Twitter, Honorato também negou participação na carta. William Arjona, capitão do time, posteriormente negou de forma veemente à coluna, e depois nas redes sociais, que tenha partido dele a iniciativa da carta que, de qualquer forma, não vingou.
E nem precisou. Depois de tomada a decisão de que Maurício seria afastado e, posteriormente, quando houvesse base jurídica, demitido se não se descule, a diretoria conversou com o jogador que, de forma surpreendente, aceitou dar um o atrás. Ele, que havia postado no Instagram que, se tivesse de "escolher um lado", ficaria "do lado que acha certo, com minhas crenças, valores e ideais", aparentemente voltou atrás.
Depois de o Globo Esporte publicar que Maurício aceitaria se desculpar, e antes mesmo da nota do Minas, o jogador Douglas Souza, que é gay, deixou claro que não concordava com a decisão. "O famoso não vai dar em nada, né. Toda vez a mesma coisa, cansado disso de sempre ter falas criminosas e no máximo que rola é uma 'multa' e uma retratação nas redes sociais. Até quando?", escreveu no Twitter.
Mais cedo, Carol Gattaz, que é capitã do time feminino do Minas e se relaciona com mulheres, demonstrou sua insatisfação. "Homofobia é crime. Racismo é crime. Respeito é OBRIGATÓRIO. Está na lei, garantido pela constituição. Já toleramos desrespeito, gracinhas e preconceitos disfarçados de opinião por muito tempo. CHEGA", disse Gattaz no Instagram. Sheilla, outra estrela do time, postou apenas: "Homofobia é crime!", deixando seu recado.
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