"Me controlei para não desabar", diz repórter assediada em jogo do Inter

A repórter Camila Diesel se preparava para o final da transmissão da Rádio Guaíba quando Paolo Guerrero, aos 49 minutos do segundo tempo, invadiu a área e bateu cruzado para garantir a vitória do Internacional por 2 a 0 sobre o Nacional (URU), pelas oitavas de final da Libertadores, ontem (31). Neste momento, um torcedor correu em direção à jornalista e deu um beijo à força em sua bochecha.
"Ele me soltou e eu fiquei atônita. Foi muito perto da minha boca, não esperava, não sabia nem como reagir naquela situação. Parece uma bobagem um beijo na bochecha, mas é muito invasivo. A torcida gritando gol, eu prestando atenção na jornada, com os fones, não tive muito reação na hora. Depois ele ou por mim e ainda me deu um tchauzinho", relatou ao UOL Esporte.
Desde 2016, Camila trabalha como repórter de torcida da Rádio Guaíba. Durante os jogos no Beira-Rio, ela costuma se posicionar nas arquibancadas abaixo das cabines de transmissão para acompanhar a movimentação dos torcedores colorados.
Com a transmissão perto do fim, Camila disse ter precisado se segurar para não desabar com o ocorrido. "Não tinha mais muita coisa que fazer, a gente estava encerrando o jogo. Comecei a pensar sobre aquilo, mas ao mesmo tempo não queria me vitimizar, acho que não é essa a ideia. Comecei a tentar me controlar, para que se tivesse que desabar, desabar depois. Me senti bem mal e ao mesmo tempo a gente fica pensando o que poderia ter feito, se eu deveria ter reagido, por que eu não fiz nada. Mas na hora a gente não consegue pensar muito".
Essa não é a primeira vez que uma repórter da Rádio Guaíba sofre com assédio em transmissões no Beira-Rio. Em abril deste ano, Laura Gross também foi beijada à força por um torcedor enquanto fazia entrevistas.
"Cheguei a pensar em não fazer nada, deixar assim, mas seria mais uma vez, seria mais uma mulher calada, mais uma mulher que não se manifestou. Tanta mulher a por esse tipo de situação, às vezes até piores, que não tem a voz, não tem a possibilidade de tuitar, de falar sobre isso numa rádio. Achei que deveria fazer isso não por mim, mas por todas nós", prosseguiu Camila Diesel, que diz ter recebido e da rádio e do próprio Internacional.
"O vice-presidente João Patrício Herrmann, do Internacional, me ligou se colocando à disposição, para se precisasse ter o às câmeras. Me senti com bastante e", disse ela.
Mesmo com um pouco de receio após o ocorrido, Camila diz querer continuar trabalhando e lutando para que isso não a desanime. "Eu fiquei com um pouco de receio, porque a gente sempre tem um medo de encontrar a pessoa, fiquei um pouco receosa. Mas duvido que possa acontecer alguma coisa pior em razão disso. Quero continuar trabalhando, continuar fazendo o que eu gosto. Não quero que isso me esmoreça. Só quis usar esse episódio para realmente fazer com que as pessoas se deem conta do que está acontecendo, que é algo triste".
A reportagem tentou entrar em contato com o Internacional, que não respondeu até o fechamento dessa matéria. O texto será atualizado caso o clube se manifeste.
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