Viajante roda o mundo para conhecer os desejos de quem surge em seu caminho
Por onde a urna de Sabrina ou

Lisboa
Sabrina foi praticamente enxotada da Rua Augusta por artistas e vendedores ambulantes. Então, acabou colocando a urna na Praça do Comércio.

Marrakech
Na praça Jemaa el-Fna, onde colocou a urna para jogo durante três longas horas, nenhum local quis conversar com a jornalista brasileira.

Uruguai
A urna amarela marcou presença na praia de Punta Del Diablo, uma cidade hippie que foi parada de uma road trip de Porto Alegre a Punta del Este.

Belém
Na Cisjordânia, a urna amarela atraiu uma multidão de pessoas nos arredores da Igreja da Natividade, que marcaria o lugar do nascimento de Jesus Cristo.
Em Marrakesh, no Marrocos, Sabrina escolheu a famosa praça Jemaa el-Fna para posicionar a urna. Eclipsada por encantadores de serpentes, comidas exalando especiarias exóticas e outras atrações do olho do furacão da cidade, foi totalmente ignorada pelos locais.
"Fiquei três horas no meio daquela multidão, tentei de tudo, mas tive que me contentar com as respostas dos turistas para cumprir minha meta mínima, que é de 20 respostas por lugar", conta.
O estado de ânimo e o espírito explorador dos viajantes sempre garantem uma conversa, mas meu principal objetivo é tentar falar com os locais".
Falta de assunto não foi problema no Rio de Janeiro onde, parada na frente da Escadaria Selarón (que vai de Santa Teresa até a Lapa), recebeu até doações de canetas para dar conta do recado. Em uma próxima vez na capital carioca, pretende levar a urna ao Complexo do Alemão, comunidade que foi tema de "A voz do Alemão" (editora nVersos, 2013), um dos cincos livros publicados pela escritora.
"O litoral deixa as pessoas em outra rotação, com mais facilidade de se abrir", explica a mineira. "Tive a mesma impressão em capitais nordestinas, como Salvador e São Luís do Maranhão, onde recebi a maior quantidade de respostas de gente que queria simplesmente dançar naquele momento". Outra cidade que se destacou pela amabilidade e engajamento das pessoas foi Curitiba. "Como viajante, quebramos vários preconceitos e vamos mudando e aprendendo com as novas culturas".
De sexo ao espaço
Entre acertos e erros, o método também foi evoluindo com o tempo. "No início, esperava que pessoas sozinhas fossem mais propensas a conversar, mas depois notei que, quanto maior o bando, maior a probabilidade de que parem para trocar ideias".
Começar a abordagem dizendo que faz a mesma pergunta em várias cidades também ajuda. "As pessoas se sentem parte de um projeto maior e ficam curiosas". Apesar de ter levado algumas cantadas e encontrado números de telefones, as conversas nunca foram além da calçada. "São relações fugazes".
"Rodando o mundo com minha urna, esperava ler muitas respostas singulares", diz Sabrina. "Houve quem dissesse que queria ir ao espaço, fazer transição de gênero e até sair na rua correndo e gritando".
No entanto, após desdobrar centenas de papeizinhos amarelos, a jornalista concluiu que o desejo mais imediato das pessoas, seja em Los Angeles, Cabo del Diablo (no Uruguai) ou Paraty, são coisas simples. Fora viajar, que foi a resposta campeã, ver pessoas queridas, comer, dormir e fazer sexo foram as mais frequentes.
"Mesmo antes da pandemia, quando tudo ainda era possível, já estávamos adiando nossas vontades, o que mostra a dificuldade que temos em lidar com o presente", diz.
Tomara que, depois de tudo o que estamos ando, paremos de deixar projetos e sonhos para depois".
Quando a quarentena terminar, e viajar voltar a ser um desejo possível para brasileiros, a jornalista pretende produzir um documentário sobre a saga da urna amarela. Mas, se pudesse fazer qualquer coisa agora, subiria a Avenida Angélica, viraria na Paulista e caminharia até o prédio da antiga TV Gazeta.
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