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Viajante cego conta como desbrava o mundo sem depender da visão

O brasileiro Fernando Campos enquanto visitava uma praia na África do Sul  - Arquivo Pessoal
O brasileiro Fernando Campos enquanto visitava uma praia na África do Sul
Imagem: Arquivo Pessoal

Marcel Vincenti

Colaboração para Nossa

19/09/2021 04h00

Aos dois anos de idade, o brasileiro Fernando Campos (@nandopcampos) ficou cego por causa de um câncer de retina.

A perda da visão, porém, não impediu que ele virasse, depois de adulto, um grande viajante.

Após ar a infância e a adolescência morando com a família no Rio Grande do Norte, Fernando colocou uma mochila nas costas e começou a realizar diversas viagens para o exterior: foi sozinho, por exemplo, para a Inglaterra estudar inglês. E também realizou várias jornadas pela Europa, indo até países como Portugal, Alemanha, França, Bélgica, Holanda e Áustria.

Além disso, empreendeu uma jornada para a África do Sul junto com seu namorado, Bruno Furtado, onde os dois fizeram safári e curtiram lindas praias.

Fernando na Cidade do Cabo, na África do Sul - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Fernando na Cidade do Cabo, na África do Sul
Imagem: Arquivo Pessoal

E ainda visitou boa parte da América do Sul (pisando em destinos como Peru, Argentina, Chile e Uruguai) e muitos Estados brasileiros, como Bahia, Alagoas, Paraíba, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.

"Fui criado para o mundo. Meus pais nunca chegaram para mim e disseram: 'você não pode viajar porque é cego'", conta Fernando, que hoje tem 28 anos. "E, quando pegava avião ainda criança, eu já sabia que gostava de voar. Eu achava o máximo sentir a aeronave quando ela disparava na decolagem".

Transformação em turista independente

Fernando em registro na Praia de Carneiros, em Pernambuco - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Fernando em registro na Praia de Carneiros, em Pernambuco
Imagem: Arquivo Pessoal

Fernando relata que a viagem de estudos para a Inglaterra, ocorrida em 2014, marcou a primeira vez que ele saiu do Brasil completamente sozinho. E a experiência trouxe diversos benefícios.

Primeiramente, porque ele aprendeu a falar inglês, idioma que facilita (e muito) a vida de um viajante em qualquer lugar do mundo.

E depois porque a Europa ofereceu um cenário muito favorável para ele se desenvolver como turista independente.

Fernando ao lado de uma das amizades feitas durante suas viagens pelo mundo - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Fernando ao lado de uma das amizades feitas durante suas viagens pelo mundo
Imagem: Arquivo Pessoal

Nesta época, Fernando morava em uma casa na cidade inglesa de Bournemouth com outros estudantes estrangeiros, ia até sua escola na companhia de colegas e, em períodos de folga, se juntava com amigos para viajar pelo Velho Continente, em roteiros onde ele aprendeu a circular com desenvoltura pelas ruas e pelos atrativos turísticos de algumas das principais cidades europeias.

"A questão da mobilidade na Europa é muito boa. A ibilidade dos lugares e a consciência das pessoas em lidar com deficientes visuais é bastante elevada", diz ele. "Foi um ótimo lugar para realizar grandes viagens".

Experiências sensoriais

Encontro com pinguins durante a agem pela África do Sul - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Encontro com pinguins durante a agem pela África do Sul
Imagem: Arquivo Pessoal

Em suas viagens, Fernando adquiriu gosto por explorar lugares onde é possível ter experiências intensas que não estão necessariamente relacionadas à visão.

Nas viagens, sempre busco destinos cheios de experiências sensoriais, onde eu possa explorar o tato, o olfato, a audição e o paladar".

Em Foz do Iguaçu, por exemplo, ele se encantou com o barulho estrondoso das cataratas e com a agradável sensação que teve ao se molhar com a água deste cartão-postal sul-americano.

Fernando posando em frente às Cataratas de Iguaçu, no Paraná - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Fernando posando em frente às Cataratas de Iguaçu, no Paraná
Imagem: Arquivo Pessoal

Já na capital tcheca, Praga, ele foi muito impactado pela música dos diversos artistas de rua que existem na cidade. "Lá, a gente a por muitas pessoas tocando violão, violino e outros instrumentos. É algo bem marcante".

E no safári na África do Sul, mesmo sem poder ver os bichos à sua volta, ele se fascinou com a natureza ali presente.

"Quando começamos o safári, achei que fosse me decepcionar. Mesmo com meu namorado me descrevendo as paisagens no nosso entorno, pensei que iria ser difícil sentir os animais. Mas, depois que entramos de carro na mata, comecei a sentir toda a atmosfera daquele lugar, com o vento balançando as árvores e a sensação de perigo iminente causada pelos animais selvagens. De repente, escutei um elefante comendo algo e um leão rugindo. Até me emocionei".

Safária na África do Sul, ocasião em que Fernando estava acompanhado do namorado, Bruno - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Safária na África do Sul, viagem em que Fernando estava acompanhado do namorado, Bruno
Imagem: Arquivo Pessoal

Fernando, além disso, diz amar visitar o Rio de Janeiro, por causa do turbilhão de sensações que a Cidade Maravilhosa proporciona. "Toda cidade tem seu cheiro próprio. E o Rio tem um cheiro muito marcante, talvez por causa da maresia. E também tem o calor, a atmosfera da praia e a música".

Planejamento e dificuldades

Registro da viagem feita por Fernando ao Peru - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Registro da viagem feita por Fernando ao Peru
Imagem: Arquivo Pessoal

Fernando adota estratégias para facilitar sua movimentação pelas cidades que está visitando.

Ele, por exemplo, faz questão de se hospedar em lugares que tenham localização central, para que possa caminhar com facilidade até os principais atrativos turísticos do destino.

Quando está viajando sozinho, pega Uber para ir a pontos mais afastados. Mas, se está acompanhado de familiares, amigos ou do namorado, o transporte público também é opção para trajetos mais longos.

Mas há situações de viagem que apresentam dificuldades.

"Quando estou voando sozinho e chego ao meu destino, eu e outras pessoas com deficiência geralmente somos os últimos a poder sair do avião. E, depois do desembarque, muitas vezes não há um funcionário de prontidão para me levar até a saída do aeroporto. E isso já me atrasou para compromissos".

As companhias aéreas deveriam ter mais funcionários para desembarcar ageiros deficientes com rapidez".

Fernando e o namorado, Bruno - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Fernando e o namorado, Bruno
Imagem: Arquivo Pessoal

E ele também sente muita falta da presença de sinais sonoros em semáforos de cidades do Brasil, projetados para avisar deficientes visuais quando o sinal está aberto para os pedestres. "Estes sinais existem em praticamente todas as cidades da Europa que visitei. É algo que deveria ser mais comum aqui. Será que é uma tecnologia tão cara e complicada para termos no Brasil?", indaga.

Porém, mesmo com eventuais dificuldades encontradas no caminho, Fernando não cogita parar de viajar.

"Depois da pandemia, quero fazer um mochilão na Europa com meu namorado", diz.