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Comida de viagem

O arroz de carreteiro nasceu de ingredientes gaúchos, mas ganhou o país com o DNA estradeiro de sua origem

Ricardo Castanho Colaboração para Nossa Lucas Ninno/Getty Images

Arroz de carreteiro (sem hífens, na norma culta), arroz carreteiro, no trato popular, ou, simplesmente, carreteiro, para os íntimos - abreviar mais do que isso pode resultar em "carrê"... e provocar uma confusão culinária.

Variações de nome à parte, esta receita (basicamente arroz e charque preparados na mesma a) tem presença garantida nas listas dos maiores símbolos da cozinha popular brasileira e, sobretudo, da gaúcha.

O arroz é um dos fortes da produção agrícola nos campos gaúchos. Em 2020, por exemplo, o Rio Grande do Sul colheu cerca de 70% do total deste cereal no Brasil. No caso do charque, esse tipo de carne salgada e seca movimentou a economia do estado entre o fim do século 18 e o início do século 20.

"É um prato com ingredientes marcantes para a região, que ajudam a contar a nossa história", afirma o chef e restaurateur gaúcho Marcos Livi.

Lucas Ninno/Getty Images
Domínio Público via Wikimedia Commons

Um prato para viagem

A forte ligação do arroz de carreteiro com a história, a economia e a cultura do Rio Grande do Sul já fica evidente no nome. "Carreteiro" refere-se aos condutores de carros de boi (como os da foto acima) que, no Brasil Colônia, transportavam mercadorias pelos pampas gaúcho, uruguaio e argentino. Costumavam partir das fazendas levando itens como couro, lã, fumo e açúcar. No retorno, traziam artigos imprescindíveis para a vida campeira.

A combinação de longas viagens, estradas precárias e baixa velocidade (3 quilômetros por hora) rendia diversas paradas no caminho, muitas sem qualquer estrutura de apoio. Nessas pausas, a alimentação tinha que ser prática e rápida.

Sem o à refrigeração, os viajantes uniam, numa a de ferro sob calor de fogo, três ingredientes não-perecíveis: arroz, charque e água.

Quando tinham em mãos, acrescentavam cebola para reforçar o tempero, que dependia apenas do sal liberado pelos pedaços de carne.

Não há local de nascimento, autoria ou data que marquem oficialmente o início dessa tradição culinária. O arroz de carreteiro, porém, seguramente foi impulsionado no estado pelo Ciclo do Charque, que tornou esse tipo de carne mais ível a partir do fim do século 18.

Domínio público via Wikimedia Commons
As charqueadas: ao fundo, varais de charque ao sol

Carne com raiz nordestina

Apesar do termo "charque" ter sido cunhado no Sul, o ingrediente mais marcante do arroz de carreteiro não é 100% sulista. Na verdade, a técnica de curar a carne em larga escala por salga foi levada do Nordeste para lá por um português, José Pinto Martins, em 1779.

Ele produzia carne-seca no Ceará. Na época, porém, houve uma grande emigração da região rumo ao Sul. Pinto Martins seguiu a onda, desembarcou na cidade de Rio Grande e fundou, em Pelotas, a primeira charqueada (fazenda produtora de charque). Começava ali o período nobre do Ciclo do Charque.

Em 1820, a região tinha 22 charqueadas. No ano de 1873, já eram 38.

O produto impulsionou a economia do estado, foi vendido em diversas regiões do Brasil e virou item de exportação.

O ritmo começou a cair em 1888, com a promulgação da Lei Áurea. A produção, afinal, era sustentada pela mão de obra de negros escravizados. Eram eles que abatiam o gado proveniente de toda a Campanha gaúcha, cortavam as mantas de carne, as salgavam e secavam ao sol.

No início do século 20, o Ciclo do Charque perdeu muito da sua força com o surgimento dos primeiros frigoríficos, que trouxeram uma nova maneira de conservar carnes.

Getty Images Getty Images

Marcelo Justo/Folhapress

Confusão carnal

A diferença entre charque e carne-seca não é meramente geográfica. Importam também o tempo e o local de cura, além do tipo de carne e da quantidade de sal. Essas variações, aliás, deram origem a outros exemplares da mesma família: a carne de sol (também chamada de carne de vento) e a carne serenada.

A carne-seca (ou jabá) geralmente é produzida com cortes bovinos de alcatra e contrafilé. Esticados em mantas e salgados, eles são expostos à luz do dia (com incidência solar baixa ou moderada) até perderem, pelo menos, 50% de umidade.

Já o charque é normalmente feito de cortes do dianteiro do boi, que têm mais gordura e encaram uma maior quantidade de sal e tempo de cura. Por isso, em relação à carne-seca, ele apresenta mais durabilidade e intensidade de odor e sabor.

A nordestina carne de sol e a carne serenada, típica do Cerrado mineiro, am por curas mais suaves, não são expostas diretamente ao sol, têm mais umidade e, por isso, menor prazo de validade.

Luis Veiga/Getty Images Luis Veiga/Getty Images

O carreteiro e o churrasqueiro

Como ocorre com quase todas as receitas no mundo, o carreteiro prosaico, de beira de estrada, ganhou ingredientes e adaptações com o ar do tempo. No livro "Arroz! Assim cozinha a humanidade", o jornalista, escritor e cronista gastronômico J. A. Dias Lopes escreve que, na receita primitiva, podia-se acrescentar ovos cozidos e tempero verde. E que uma pitada de pimenta não contrariava a tradição. Nada mais.

Para a jornalista e pesquisadora da área de gastronomia Bete Duarte, o primeiro desvio histórico nos preparos originais foi feito pelos campeiros que conduziam gado no estado. E envolveu a estrela do prato. Segundo ela, os peões esporadicamente matavam um boi e o assavam para alimentar a comitiva.

As sobras não podiam ser desperdiçadas e, muitas vezes, substituíam o charque"

Esta, lembra Bete, é uma prática que se mantém até hoje. "Muitos gaúchos transformaram essa receita de viajantes numa solução fácil de prato para o dia seguinte ao churrasco."

Mas, se a maior instituição culinária do estado pode ser vista como um "ruído" aqui, não dá para dizer o mesmo na difusão do carreteiro pelo país, um movimento no qual as churrascarias gaúchas exerceram um papel decisivo.

Fernando Quevedo/Getty Images/iStockphoto Fernando Quevedo/Getty Images/iStockphoto

Carga extra na carreta

A popularização do prato no Brasil, consolidada na segunda metade do século 20, também impulsionou novas versões e releituras regionais do arroz de carreteiro. Começam a surgir adendos como tomate, pimentões, linguiça, bacon e até o uso de outras folhas, a exemplo de coentro e agrião.

"Acredito que várias dessas criações estão associadas a uma leitura preconceituosa, que vê a fórmula original do arroz de carreteiro como algo pobre", diz Bete Duarte.

Na sua mesa, a jornalista e pesquisadora de Porto Alegre prefere ver outros ingredientes e cores como acompanhamentos do prato. É o caso do aipim frito, da abóbora ou de uma boa salada de radicci (o almeirão típico da Serra Gaúcha).

Também avesso aos preparos carregados com muitos ingredientes, o chef e professor de gastronomia Aires Scavone prefere elaborar o seu próprio charque em casa. Segundo ele, lagarto (chamado de tatu no Sul do país) fica ótimo como matéria-prima, mas não há uma regra rígida sobre a escolha do corte bovino, que pode ser da porção dianteira ou traseira. Ele garante:

O importante é usar boi de primeira. Quando o charque tem qualidade, o prato pode até dispensar acompanhamentos"

Receitas Nestle

Arroz de carreteiro

Ingredientes

  • 500 g de charque
  • 1 colher (sopa) de óleo
  • meia cebola média picada
  • 2 dentes de alho amassados
  • 4 tomates sem pele picados
  • 2 xícaras (chá) de água quente
  • 1 xícara (chá) de arroz
  • meio maço de cebolinha-verde picada

Como fazer

Em uma a de pressão, cozinhe a charque por cerca de 20 minutos. Escorra a água da a e corte a charque em cubinhos. Reserve.

Em uma a (preferencialmente de ferro), aqueça o óleo e refogue a cebola e o alho. Junte a charque e deixe fritar até dourar. Acrescente os tomates e, em seguida, o arroz. Junte a água quente e deixe cozinhar o arroz (cerca de 15 minutos), sem deixar secar totalmente.

Desligue o fogo e mantenha a a tampada por 5 minutos. Em seguida, acrescente a cebolinha verde e sirva.

Keiny Andrade/UOL Keiny Andrade/UOL

A dupla "arroz mais carne" país afora

Esse casamento culinário não é apenas um hit gaúcho. A seguir, mais pratos dessa combinação em outras regiões

Keiny Andrade/UOL

Arroz de suã (Minas Gerais)

Arroz, lombo suíno, cenoura, tomate, cebola, quiabo, ervas, cúrcuma, colorau, cominho, cachaça e pimenta dedo-de-moça.

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Reprodução Camil

Arroz Maria Isabel (Piauí)

Arroz, carne de sol, cebola, pimentão, alho, pimenta-do-reino, coentro e cebolinha verde.

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Diulgação

Arroz de puta rica (Goiás)

Arroz, linguiça calabresa, toucinho, sobrecoxa de frango, carne de sol, milho verde, palmito, ervilha, azeitona e uva-a.

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Reprodução Camil

Arroz Biro-Biro (São Paulo)

Arroz, bacon, ovo, cebola à tirolesa (tiras embebidas em cerveja, empanadas e fritas), batata-palha e salsinha.

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BRASILEIRO

Olhares sobre os sabores, belezas e saberes de nosso país

Esta reportagem faz parte da temporada Brasileiro, de Nossa, uma série de conteúdos especiais que, durante três meses, abordam temas relacionados às regiões do país. Ela é dividida em cinco ciclos, cada um com um curador que atua como editor especial de Nossa na seleção dos temas, personagens e criadores da temporada. Teresa Cristina foi a responsável pelo ciclo sobre o Sudeste. Agora, a atriz Tainá Müller assume o posto para o Sul do Brasil.

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Road trip no "fim" do Brasil

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Embarcamos na rotina dos pescadores artesanais na praia da Pinheira, em Santa Catarina, uma profissão que está à beira da extinção.

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