Referência no Brasil e no mundo, a qualidade e a pluralidade da gastronomia de São Paulo são a razão da existência do Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes.

Para chegar ao resultado, reunimos um júri formado por 20 pessoas, entre especialistas, influenciadores e celebridades apaixonadas pela boa mesa. O time votou nos seus restaurantes favoritos em 13 categorias distintas. O Prêmio também contou com votação do público em determinadas especialidades,

Algumas delas tiveram o ranking antecipado. Você já conhece os campeões de Melhor Pizzaria, Melhor Restaurante Italiano, Melhor Hamburgueria, Melhor Restaurante de Carnes, Melhor Restaurante Japonês, Melhor Restaurante Brasileiro e Melhor Árabe? Clique nos links correspondentes e confira.

Nesta segunda-feira (7), revelamos os eleitos na primeira edição do Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes em todas as modalidades. Abaixo, conheça qual o Melhor Chef, o Melhor Restaurante (pelo júri especializado e na votação popular) e a Melhor Estreia da capital paulista.

Uma cozinha no meio do salão. Sem parede, divisória ou qualquer aparato para resguardar a brigada dos olhares do público. Ao contrário: a arquitetura e a iluminação do Tuju sugerem que aquele trabalho é para ser visto. No cenário, formado pelas bancadas adornadas com vegetais do menu degustação da temporada, os cozinheiros dão os ora ensaiados, ora improvisados. O coreógrafo guia a turma pelo rádio. Quase em silêncio.

Só mesmo alguém com a capacidade de Ivan Ralston — consagrado o Melhor Chef pelo júri do Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes — para se auto desafiar a esse nível. O que não significa que é fácil:

Na primeira noite, foi aflitivo. Voltei para casa chorando. Falei para a Kaká [Katherina Cordás, pesquisadora e responsável pelo serviço]: 'o que a gente fez?'"

Igual acontece na música, arte que estudou logo após a escola no Berklee College of Music, em Boston (EUA), a prática fez a equipe afinar e, enfim, curtir apresentar a mais alta gastronomia.

Criar e executar pratos autorais com o nível de exigência de um restaurante que em menos de um ano ganhou duas estrelas Michelin não é algo desconhecido para Ivan.

Embora o Ráscal, empreendimento da família, não siga a mesma proposta, crescer em meio ao setor lhe garantiu uma vivência precoce. Além disso, ele prova o sabor agridoce de estar dentro de cozinhas consagradas desde 2007. Estão no currículo: Maní (São Paulo), El Celler de Can Roca, Mugaritz (ambos em Barcelona) e RyuGin, um três estrelas em Tóquio.

Essas experiências lhe renderam o apreço pela técnica e a devoção aos ingredientes sazonais. São conceitos pincelados na primeira versão do Tuju (2014-2020), na Vila Madalena, elevados à máxima potência no novo espaço no Jardim Paulistano.

Por meio de uma degustação de dez etapas desenhada conforme as chuvas, Ivan conecta os paulistanos a insumos únicos, descobertos graças a aventuras. Da caça por cogumelos selvagens em Santa Catarina à pesca a 148 quilômetros de distância da costa de Cananéia (SP), o que o move o Melhor Chef de São Paulo é a possibilidade de expressar, numa experiência gastronômica impecável, o mundo que enxerga através da sua lente de artista.

Tuju
Rua Frei Galvão, 135, Jardim Paulistano. Atendimento apenas por reserva.
@tuju_sp

Algumas mudanças ocorreram por aqui desde o MasterChef. Enquanto os espectadores da TV aberta conheciam a irreverência de Helena Rizzo, que entrou no reality show somando leveza e sagacidade ao trio de jurados, a brigada do Maní se aprofundava ainda mais na culinária de Willem Vandeven.

Com agem por restaurantes europeus estrelados, o chef belga se juntou ao grupo há sete anos. Desde 2021, ganha cada vez mais espaço ao comandar o preparo dos clássicos servidos à la carte, como o ceviche de caju e o nhoque de mandioquinha com dashi de tucupi, e ao sugerir criações contemporâneas que, por princípio, exaltam os insumos nacionais.

Ele é brilhante. Gosto da estética e de como constroi camadas de sabor com caldos e fermentações" Helena Rizzo

A dupla compartilha o encanto por combinações como a manga verde com carapau, chuchu, capuchinha e pimenta jalapeño, servida logo no começo da degustação, e o palmito com ouriço, rabada e beldroega do mar, que antecede o pato, última etapa salgada. Além disso, dividem a paixão pelo aprendizado.

Com bases firmes, mas também maleáveis, o Maní se permite afetar pelas pequenas revoluções gastronômicas que acontecem dentro ou fora da cozinha — seja no campo ou nos mares.

É assim que, mesmo quase 20 anos após a inauguração, o restaurante se mantém jovem, instigante e acolhedor. Por isso, leva o prêmio de Melhor Restaurante de São Paulo pelo júri do Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes.

Maní
Rua Joaquim Antunes, 210, Jardim Paulista.
@manimanioca

Poucos restaurantes conquistam os estômagos do grande público e da crítica especializada ao mesmo tempo. A barreira geralmente é o preço. Para a Casa do Porco, porém, isso não é um desafio. O Melhor Restaurante de São Paulo pela votação popular nasceu para ser democrático e assim segue, após quase uma década.

Instalado no centro da cidade, o estabelecimento venera sem qualquer cerimônia a carne que carrega alguns estigmas sociais: a de porco.

Ela surge no couvert em forma de mortadela e de terrine com cambuci em maxixe. A versão em conserva na lata entra no bolinho agridoce de mandioca com banana. Vai à mesa até maturada no saboroso carpaccio com anchova, alcaparras, mostarda, saladinha e pururuca.

Mas o jeitão favorito da clientela é assada por pelo menos seis horas. Chamada de san zé, a receita clássica da casa entrega o melhor que o porco dá: as fibras se desmanchando e a pele absolutamente crocante.

Todas essas receitas fazem parte do recente menu degustação nomeado de "Interior". A seleção celebra a volta do fundador à cozinha. Durante um hiato de quatro anos, Jefferson Rueda focou na saúde mental e se recolheu no sítio de São José do Rio Pardo, sua cidade natal. Lá, criam-se os vegetais, os porcos e as boas ideias.

A Casa do Porco
Rua Araújo, 124, República.
@acasadoporcobar

Escolhido como a Melhor Estreia pelo júri do Prêmio Nossa de Bares e Restaurantes, esse restaurante trouxe a São Paulo uma cozinha ainda pouco explorada por aqui: a tailandesa.

Inaugurado em março de 2023, ainda é considerado uma novidade para o público. Para o fundador Maurício Santi, porém, trata-se de um antigo conhecido — dentro da sua cabeça, o Ping Yang existe há pelo menos uma década.

As filas diárias na porta, as concorridas reservas e a boa avaliação da crítica especializada não surpreenderam o chef, que sempre sonhou em receber clientes tão apaixonados quanto ele pela Tailândia:

Me preparei para isso de inúmeras formas: são 22 anos com a barriga no fogão por noventa horas semanais

Todo esse tempo foi dedicado à culinária do país do sudeste asiático, onde viveu, viajou e trabalhou por sete anos. Com técnicas e sabores multiculturais, fruto da influência indiana, persa, chinesa, portuguesa e das nações vizinhas, a comida do restaurante faz a boca crescer. A complexidade está na mistura de ervas e temperos como galanga, talo de capim-santo, limão makrut, tamarindo, açúcar de palmeira e muitas, muitas pimentas.

Para garantir a melhor experiência, prefira sentar-se no balcão. Das banquetas, é possível avistar os ingredientes se transformando com o calor da wok, das grelhas e do tao, fogareiro típico feito de argila e fibra de coco.

O espetinho de porco ao curry com relish de pepino é um aporte para Bangkok, assim como o sua rong hai, bife ancho grelhado com molho nahm jim jaew, gema de ovo e uma porção de ervas. Aproveite a viagem e, antes de ir embora, sinta a picância que preenche o paladar nos pratos salgados ser perfeitamente apaziguada pelo dumpling de cocada.

Ping Yang
Rua Doutor Melo Alves, 767, Cerqueira César.
@pingyangsp