
Na semana ada, pela 4ª vez em seis anos, o apresentador José Luiz Datena desistiu na última hora de concorrer a um cargo eletivo por São Paulo.
Até 2015, ele foi filiado ao PT. No ano seguinte já havia se filiado ao PP e anunciado que pretendia concorrer a prefeito de São Paulo. Desistiu.
Em 2018 o cargo a ser disputado seria o de senador (SP). Também mudou de ideia na hora "agá".
Já em 2020 ele se preparou para concorrer a prefeito ou vice-prefeito em SP, e também pulou do barco nos estertores do prazo.
Este ano, após meses, fez mais um "bate-volta" e abriu mão de concorrer ao Senado (de novo!), mesmo com apoio do presidente Jair Bolsonaro.
Troca de cascas
A mudança de espectro ideológico e pessoal do apresentador do "Brasil Urgente, da Band, certamente é caso a ser estudado por cientistas políticos: como alguém vai da esquerda (PT) à extrema-direita louca por um golpezinho de Estado (Bolsonaro) em sete anos?
Politicamente, Datena hoje ilustraria até uma adaptação de "meme":
"O que se a na cabeça dele? Quais suas ambições, interesses e influências? O que estaria tramando? Veja esta noite, no 'Globo Repórter'."
Entre o alívio e a ira
O anúncio de sua quarta desistência na semana ada causou reações diferentes. De um lado houve um alívio com a decisão, que garante a continuidade do "Brasil Urgente" e de sua equipe.
O programa policialesco / cotidiano nem dá faturamento expressivo para a emissora, mas tem um papel estratégico fundamental na programação: é ele que, com sua média de 4 a 5 pontos diários de ibope, tem a responsabilidade de elevar a audiência e alavancar a programação em horário nobre.
Por outro lado, a coluna ouviu também relatos desanimados de funcionários já cansados e / ou irados com essa ladainha de vai sair, não vai sair candidato.
3 funções sociais
A verdade é que, independentemente de sua (nova ou velha) ideologia política, Datena tem na TV ao menos três funções sociais:
Uma, a de levar informação ao telespectador (ou conteúdo que ele consuma, que seja);
A segunda, com a própria Band, sua empregadora que sempre o apoiou, lhe paga regiamente e lhe abre espaço inclusive para fazer propaganda política de si mesmo a cada dois anos.
Por fim, a terceira função social, e não menos importante: a que Datena tem com sua equipe, e de deixá-la insegura uma vez a cada dois anos --justamente em anos eleitorais, quando cortes de pessoal nas emissoras são sempre esperados
Nesse caso, justiça seja feita, o apresentador já fez mais do que lhe cabe em anos ados, durante a pior fase da crise na Band, por exemplo, chegou a abrir mão de parte de seu salário para que integrantes do programa não fossem demitidos.
Mas, como dito alguns parágrafos acima, ninguém faz ideia do que se a na cabeça de José Luiz Datena, 65 anos.
No entanto, não é preciso ser analista político ou crítico de TV para perceber que, a cada desistência, ele perde cada vez mais a coerência de discurso de quem vai "arrumar as coisas".
A cada ida e vida, ou troca de partido, ele também perde um pouco de sua credibilidade e força como comunicador.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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