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"Cresci com armas em casa e vivi com medo ao invés de me sentir segura"

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

Gustavo Frank

Da Universa

24/01/2019 04h00

B.A., de 26 anos, é filha de dois policiais. Seu pai, hoje aposentado, era policial rodoviário federal, e sua mãe, já falecida, trabalhava como policial civil. Em meio à discussão sobre o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a posse de armas, a moradora de Natal (RN) viralizou com postagens no Twitter, em que dizia nunca ter se sentido segura com o armamento dentro da casa em que morava com os pais. Pelo contrário: B. teve medo na infância e ainda cultiva esse sentimento já como mulher adulta e mãe de um bebê, de 2 anos.

"Eu não entendia, mas fui ensinada a não chegar perto das armas, então achava perigoso. E, mais velha, tinha medo de descobrirem que tínhamos armas em casa e tentarem roubar", afirma ela à Universa.

Leia o depoimento na íntegra:

"Minha primeira 'lembrança' com armas é de quando minha mãe ainda estava grávida de mim. Meus pais tinham acabado de se mudar para um bairro isolado de Natal, o lugar ainda estava sendo reformado e eles eram os únicos moradores de lá até então. Como estava bem no início e ainda não existiam medidas para a segurança, não tinha como impedir a entrada de desconhecidos.

Um dia, meu pai foi trabalhar e minha mãe ficou em casa. Foi quando tocaram a campainha e, ao abrir a porta, ela deu de frente com dois caras armados que a renderam. Eles começaram a revistar a casa para encontrar objetos de valor e acabaram achando a carteira funcional e a arma da minha mãe. Como ela trabalhava a paisano, ao contrário do meu pai, que sempre carregava sua arma, a dela sempre estava em casa -- sabia identificá-las pois a da minha mãe tinha um adesivo da Hello Kitty e a do meu pai tinha um do Botafogo.

Os invasores ficaram mais agressivos depois de descobrirem que ela era policial. A jogaram na cama e falaram várias. Minha mãe teve que convencê-los a não tirar a sua vida e nem a minha, que ainda estava na barriga dela. Ela mostrou o quarto que estava preparando para o meu nascimento. O berço, a decoração. E, do jeito dela, os convenceu a irem embora, mas levaram a arma e a carteira funcional.

Você está na sua casa e pode perder uma arma. E pior: ela vai parar na mão de alguém que não sabe o que fazer. Meus pais sempre me falaram para ficar longe. Sempre vi meu pai como um super-herói. Colocava os óculos escuros e estava sempre fardado, andando com o cinto com algemas e todos os outros apetrechos. Quando ele chegava em casa, ia direto para o quarto e se desarmava. Eu ouvia os estalos dos equipamentos lá do meu quarto. Ouvia tudo. E, quando eu meu irmão íamos para o quarto, não dava para ter ideia sobre onde estava a arma. Sempre foi dito que aquilo não era brinquedo.

Meus pais contavam histórias horríveis envolvendo armas. O que não me impedia de procurar por elas - achei até que elas atiravam sozinhas

Outra história aconteceu quando meu pai saiu direto de um serviço para me buscar em um show lá na Via Costeira. Era de manhã cedinho, ele sabendo que teria que me buscar, trocou a roupa no serviço e estava à paisana. Estacionou o carro, desceu para me procurar e quando voltamos para o carro, tinha sinais claros de arrombamento. Lembro de ver meu pai nervoso, procurando a arma embaixo do banco do motorista. Tinha sido levada. Ele teve que responder a processo istrativo justificando a perda da arma funcional. Essa foi a segunda arma legalizada nessa história que foi parar na mão de bandidos

Meus pais contavam histórias horríveis envolvendo armas. O que não me impedia de procurar por elas - achei até que elas atiravam sozinhas. Eu era uma criança com medo de arma e mesmo assim tinha curiosidade de olhar. Quando ficávamos com a babá, ela não conseguia prestar atenção em mim e no meu irmão o dia inteiro. Uma vez encontrei uma caixa em cima do guarda-roupas dos meus pais. A arma dela estava lá, mas não tive coragem de mexer.

Há 12 anos, minha mãe morreu dormindo, aos 41 anos. Ela não tinha problema de saúde. Simplesmente um dia o despertador tocou e ela não acordou. Isso fez com que meu pai ficasse deprimido e começasse a receber apoio da junta médica no trabalho e de um psicólogo particular. Nessa época, ele chegou a ter medo de tirar a própria vida por ter armas em casa. 

Ao longo dos 22 anos convivendo com armas em casa, eu nunca vi elas sendo usadas para evitar assaltos

Um dia, quando eu tinha 19 anos e meu irmão 15, e em meio a esse trauma, meu pai, em uma de suas crises, pediu para que nós escondêssemos a arma funcional para que ele não tivesse o a ela, depois de desmontá-la. Lembro que senti aflição. Até hoje não gosto de ver, até de chegar perto.

Meus pais, policiais treinados, acreditavam ser arriscado demais reagir a um assalto - mesmo armados. Sobretudo com os filhos por perto. Ao longo dos 22 anos convivendo com armas em casa, eu nunca vi elas sendo usadas para evitar assaltos, defender a família ou algo positivo. Sempre as temi muitíssimo e todas as vezes que vivemos assaltos, que totalizam umas três, incluindo o episódio em que minha mãe estava grávida, meus pais fingiam que não tinham arma.

Hoje em dia, eu estudo para um concurso público, mas não cogito a hipótese de trabalhar na rua com arma. Eu acabei ganhando muito medo disso e só a ideia de possuir uma delas me assusta."

* A pedido da entrevistada, seu nome foi omitido