O número de mulheres mortas por parceiros em 2018 ainda não foi contabilizado. Mas dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que analisa registros feitos em 2017, mostram que 4.539 homicídios intencionais de mulheres aconteceram naquele ano. Já os feminicídios atingiram a marca de 1.133 vítimas fatais da violência doméstica ou dos crimes de ódio. Comparados a 2016, a quantidade de vítimas cresceu 6,1% em 2017.
Está debaixo de nosso nariz
Já em 2018, a mesma instituição descobriu que 27,4% das mulheres com mais de 16 anos no país sofreram alguma violência ou agressão. Isso quer dizer que a cada quatro mulheres que você conhece, uma apanhou.
E fica ainda mais impressionante se levarmos em conta que dessas agressões, cerca de 80% foram feitas por conhecidos, cônjuges, ex-companheiros ou vizinhos -- estão embaixo do nosso nariz. A pesquisa foi feita em parceria com o Datafolha e ainda apurou que, por medo, menos da metade dessas mulheres buscou por ajuda.
Canal de denúncias oferecido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), o Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher) recebeu 17.836 denúncias até o último dia 26, um aumento de cerca de 36,85% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os números - referentes a janeiro e fevereiro - são alusivos a casos como cárcere privado, feminicídio, trabalho escravo, tráfico de mulheres e violências física, moral, obstétrica e sexual.
"Hoje, quando acontece uma violência, todos ficam indignados e exigem providências. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. Com frequência há o julgamento moral e desqualificação das mulheres, o que é inissível. A culpa é sempre do agressor", explica Valéria Scarance, promotora do Ministério Público do Estado de São Paulo.