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Mulher é quem se vê mulher

A maquiadora Karen Bachini narra a saga por diagnósticos errados até a descoberta recente da intersexualidade

Em depoimento a Rute Pina De Universa, em São Paulo Marcus Steinmeyer/UOL

Aconteceu nos anos 1990, quando eu ainda estava na escola. Até aquele momento, eu nunca havia usado sutiã. Não sentia necessidade. Como demorei a entrar na puberdade, não tinha peito, não tinha corpo, era reta como uma tábua.

Mas naquele dia os meninos zombaram mais do que o habitual do meu mamilo duro — como se aquilo também não acontecesse com eles. Então, por mais que a peça me incomodasse, voltei para casa decidida a usar sutiã.

Não que fosse resolver a minha questão, que era me sentir diferente. Eu achava que não me encaixava em nenhum lugar. Gostava de jogos, de tudo que era tido como "de menino". Pertencia a uma família conservadora e religiosa, com uma visão rígida sobre o que é ser mulher.

Essa impressão de que eu era diferente se reforçou aos 16 anos. Todas as meninas da minha idade já tinham menstruado. Menos eu. Até me sentia sortuda porque elas reclamavam de cólica, às vezes faltavam à aula porque sofriam muito com as dores. Minhas colegas de sala também diziam sentir inveja de mim porque não tinha espinhas.

Então esse era o quadro: eu não menstruava, minhas mamas não cresciam, minha pele não parecia a de uma adolescente típica. Nada disso acontecia. Foi aí que começamos a investigar o que eu tinha.

Uma saga por diagnósticos

Fomos a inúmeros médicos em Nova Friburgo, cidade do Rio de Janeiro onde morei durante a adolescência. Os ginecologistas achavam meus exames estranhos: o ultrassom não indicava glândula mamária e e os ovários estavam muito pequenos.

A primeira médica receitou reposição de hormônios para ver se meus órgãos se desenvolviam. ei a fazer exames a cada três meses. Mas ela me recomendou procurar um médico mais especializado no assunto.

Eu achava tudo um saco, não via sentido naquilo. O pior era o ultrassom — precisava beber litros de líquidos antes do exame. Também fiz exames de sequenciamento genético e, aparentemente, não havia alterações nos meus cromossomos.

Depois ei em consulta com três médicos, que queriam chegar a um diagnóstico.

A principal suspeita era a de menopausa precoce: ou seja, eu teria menstruado em alguma fase da vida, sem perceber, e meu corpo teria entrado na menopausa, parando de produzir hormônios. Mas, para mim, aquilo não fazia sentido. Eu teria visto se tivesse menstruado, quem não percebe sangue na calcinha?

Mas àquela altura eu já tinha o pior diagnóstico, independentemente da conclusão dos médicos: eu não poderia ter filhos.

'Qual é o meu papel como mulher">

Reportagem: Rute Pina; edição de texto: Adriana Negreiros; fotografia: Marcus Steinmeyer; design: Bruna Sanches de Campos; edição de arte: Gisele Pungan e René Cardillo.

Publicado em 17 de maio de 2023.