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Travada na beleza

Testei o alongamento de unhas imensas que as famosas amam e quase não consegui digitar essa reportagem

Camila Brandalise De Universa

Enquanto eu apertava as teclas da máquina de cartão do supermercado com a ponta da unha de acrílico de 1,5 centímetro do meu indicador, notei que a caixa me olhava abismada. Até que ela perguntou:

- Moça, como você consegue viver com isso?

Para te contar essa resposta, vamos ter que voltar um pouquinho no tempo. Eu adoro esmaltes e estava animadíssima com a ideia de testar na vida real uma tendência forte entre as famosas: as unhas enormes de acrílico, decoradas, brilhantes, com adereços. Também queria me sentir uma irmã Kardashian ou imitar a pose da Cardi B em que ela pressiona as unhas contra a parte inferior da palma da mão, sabe?

Mas depois de dias tentando entender como essas mulheres conseguem resolver problemas simples da rotina portando nas mãos unhas de mais de 3 centímetros, não pensei duas vezes na hora de responder:

— A verdade é que eu não consigo viver com isso.

Repeti essa mesma frase mentalmente diversas vezes depois desse questionamento, sempre que percebia ser impossível levar uma vida normal usando as unhas imensas como as que celebridades exibem sem dó. Eu tentei, mas não consegui: abotoar camisa, fechar um colar, abrir latas, digitar no celular e no computador, ar fio dental em todos os dentes, cozinhar e por aí vai.

Fiquei sete dias travada.

Esse texto vai mudar sua vida? Não, mas se eu puder saciar sua curiosidade sobre a vida de uma pessoa com garras para lá de compridas, cá estou. Como uma amiga me disse, eu vivi uma semana de "white people problems" (ou problemas de gente branca). Se você acha que pode se irritar com as divertidas futilidades que vou relatar abaixo, talvez seja melhor parar por aqui. Mas, se quiser dar umas risadas com meus perrengues, só vem.

"Eu me senti um cachorro com sapatinhos"

O alongamento é um trabalho artesanal. Mateus Queiróz, designer de unhas de um salão famoso em São Paulo, usou de toda delicadeza possível na hora de construir as minhas unhas. Eu disse as cores que estavam na minha mente e o formato (eu quis quadrada, mas o que bomba mesmo são os modelos bem pontiagudos). Ele pensou na concepção e desenhou unha por unha em um bloquinho para que eu visualizasse o resultado.

No começo, fiquei maravilhada com toda aquela técnica. Ao contrário da unha postiça, que pode descolar, a de acrílico gruda na unha e fica mais natural, além de poder durar semanas. Primeiro ele colocou a base de papel no meu dedo, depois, molhou o pincel em um líquido e, na sequência, em um pó. Essa combinação vira um gel.

Aí, ele pincelou esse gel na base da minha unha e subiu até dar o comprimento que escolhi, de número quatro. Na moldura, vai até dez! As minhas já são consideradas "extremas", segundo ele. Uns poucos minutos depois, elas secam, ficam bem duras e ele começa a lixar.

Depois de quase seis horas sentada na cadeira — começamos às 11h, terminamos às 17h —, eu já não aguentava mais. E ele lixava, lixava e lixava. "Mateus, falta muito para acabar?". Ele riu do meu comentário de criança viajando de carro e disse que não. Mas faltava. Além da unha em si, é preciso um cuidado especial com as cutículas, retiradas com uma maquininha (mais de um mês depois, elas continuaram perfeitas).

Assim que ele terminou o alongamento, fui ao banheiro. Me senti como aqueles cachorros em que os donos colocam sapatinhos e começam a andar desengonçados. Parecia a primeira vez que eu abria uma porta ou o zíper. Meus dedos, por causa do tamanho das unhas, não encaixavam direito em nada. Comecei a rir de nervoso. Pensei comigo: tô lascada.

Paguei R$ 390 pelo serviço (mas em salões de bairro é possível achar por R$ 340) e vim viver a vida para contar pra vocês.

"Quando eu vi, estava espetando azeitona com a unha"

Saí do salão me achando a própria Cardi B - ou seja, objetivo número 1 atingido com sucesso. Fiz as fotos que estão nesta reportagem, postei selfie no Instagram, mostrei para os amigos com quantas unhas se faz uma mulher poderosa. A comoção foi grande, e eu diria que o público do meu entorno se dividiu entre comentários do tipo "também quero" e "que coisa horrorosa".

Mateus me deu algumas dicas de sobrevivência (afinal, foram R$ 390). Entre elas, não usar as unhas como ferramenta. Um exemplo: enfiar uma unha embaixo do lacre da lata para abri-la. Esse esforço pode fazer a unha cair. Imagina a dor?

Mas foi mais forte do que eu. De repente, a mão ganha novas funções e perde outras tantas. É difícil deixar isso claro para o cérebro. Quando vi, já estava usando a unha, confesso, como palito. Espetei pedaços de chocolate e azeitonas com ela — e os amigos se divertiam muito com isso. Também virei uma ótima medidora de sal. Para você que está fazendo cara de nojo aí do outro lado, garanto que elas estavam sempre limpíssimas.

"Socorro, não consigo mais digitar"

Logo de cara percebi qual seria o meu maior problema. Digitar, tanto no celular como no notebook, ficou muito difícil. As unhas interditaram as pontas dos meus dedos, que não conseguem mais alcançar as teclas. Mesmo o reconhecimento da digital para desbloquear o smartphone não rolava mais. Para quem reclamar? Meu trabalho é ar praticamente o dia todo digitando, tive que me virar (alô, chefe!).

No Whatsapp, meu plano era encher todo mundo de áudio por uma boa causa. Mas descobri logo que tem uma ferramenta que transforma a fala em texto. Funcionou bem, mas ei a levar o dobro do tempo para mandar mensagens e às vezes me sentia como o personagem do Joaquin Phoenix no filme "Her", que desenvolve uma relação íntima com a assistente virtual.

No notebook foi na base do ódio, não vou mentir. No primeiro dia de trabalho com as unhas, entrei duas horas mais cedo para poder escrever tudo o que eu precisava no tempo previsto. Tocava as teclas com o que sobrou de dedo e fui, como se diz, "catando milho". Com o movimento repetitivo, ei a sentir dor no dorso da mão. Até tentava apertar as teclas com a própria unha, mas doía também. Aceitei.

"A beleza dói, minhas mãos que o digam"

Por causa da dificuldade em digitar e pela tensão em deixar as mãos sempre perpendiculares ao teclado, elas ficavam duras e tensas. Acordava com elas doendo e ei a massageá-las para conter a dor. Contei para a colega Nina Lemos, colunista de Universa, sobre o sufoco que estava ando. Solidária na minha sofrência, ela se lembrou da amiga Clara Averbuck, escritora, que também vive de digitar - mas mantém as unhas grandes com classe.

Chamei a Clara para conversar. "É tudo uma questão de adaptação", me ensinou ela, que usa as unhonas há dois anos e, a cada visita à manicure, aumentava um pouquinho mais. Para provar que esse drama não fazia parte da vida dela, me mandou um vídeo digitando com as pontas das unhas, com agilidade e eficiência. Ou seja, o problema era comigo, mas tinha solução.

"Demora um pouquinho para acostumar. Mas depois é de boa. Quando eu tiro [o acrílico] é que não consigo nem digitar no telefone", brinca. "Faço absolutamente tudo. Dou banho no cachorro, lavo louça, cuido das minhas plantas."

Clara contou que na primeira semana com as unhas, em 2018, teve alguma dificuldade. Pensei: será que é só uma questão de tempo? Bastam alguns dias de sofrimento para atingir a paz entre unhas perfeitas e textos brotando do computador?

Se tomar como base meus sete primeiros dias, a resposta é não. Até para molhar as minhas plantas eu me estabanava, pensa no resto. Minha vontade era ter um ajudante pessoal para resolver toda essa parte palpável da vida cotidiana — e sempre que eu me deparava com esse desejo, pensava: é assim que a Cardi B resolve os problemas da vida dela sem arriscar o unhão.

"O que todos querem saber: 'Mas como você se limpa">

Publicado em 1º de dezembro de 2020.

Edição: Andressa Rovani; Reportagem: Camila Brandalise; Arte: Guilherme Zamarioli Youssef; Fotos: Mariana Caldas.