Com lúpus, elas temem falta de cloroquina: "Dores podem voltar mais fortes"

Após Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, afirmar que a droga hidroxicloroquina, comumente usada no tratamento de lúpus e artrite reumatoide, pode ser efetiva para o combate à covid-19, foi dada a largada da busca desenfreada pelo medicamento nas farmácias brasileiras.
O remédio tem mesmo se mostrado eficaz no combate à doença e já é alvo de mais de 20 pesquisas ao redor do mundo, mas são estudos muito limitados, com um número pequeno de pessoas, e o uso da droga não é recomendado pela Anvisa ou por médicos —pois a eficácia e a segurança não são garantidas.
Além de não sabermos exatamente os efeitos que a substância teria no corpo de um paciente com o novo coronavírus, a compra sem indicação médica gera outro problema sério: a falta do medicamento para pacientes que realmente precisam dele. Abaixo, três mulheres com lúpus compartilham o sentimento de angústia que sentem com a possibilidade de interromper o tratamento:
"O remédio é essencial para minha vida"
"Após consultas com vários médicos diferentes, uma série de exames e muitas crises de dores fortes, finalmente recebi o diagnóstico de lúpus em 2018. Comecei tomando a hidroxicloroquina com outros dois medicamentos e já interrompi o uso de um deles. Hoje, depois de dois anos de tratamento, posso dizer que o remédio é essencial para minha vida, eu me sinto muito bem. Mas não sei até quando.
Se os comprimidos faltarem, não sei o que pode acontecer comigo. As dores podem voltar mais fortes e a doença ficar pior, bem agora que estou a caminho da remissão"
Saí para comprar uma nova caixa, como faço sempre um mês antes de acabar. Fui em mais de 15 farmácias em São Paulo e não encontrei, só depois vi as notícias. Não é uma medicação barata, custa cerca de R$ 80. Quem pode pagar comprou várias caixas e quem realmente precisa não tem. Só tenho remédio para mais 45 dias e não sei como serão os próximos meses" — Ana Claudia Palhas da Silva, 29 anos, residente de são Paulo, bairro Canindé.
"Não sei o tamanho do estrago que a falta da droga me faria"
Minha irmã faleceu de lúpus e eu descobri a doença há cerca de um ano. Apesar de estar em estágio precoce, eu não sei o tamanho do estrago que a falta da droga faria —em quanto tempo voltariam os sintomas dolorosos de dores nas juntas, fadiga extrema... Estou até tentando o contato particular de farmacêuticos para não ficar sem tomar." — Jaqueline Maria General Marques da Silva, 30 anos, moradora de Maringá, no Paraná.
"Quando parei de tomar, senti tantas dores que não conseguia nem me vestir sozinha"
Sem a droga, senti tantas dores que não conseguia me vestir sozinha. Hoje, já não sinto tanto os efeitos e tenho uma boa qualidade de vida por conta do medicamento. Ontem, quando vi a reportagem, fui procurar imediatamente na farmácia. Depois de muita procura, finalmente consegui uma caixa. Fiquei muito preocupada, mas espero que os estoques estejam normalizados em um mês." — Erônica Araújo, 31 anos, moradora de Fortaleza, no Ceará.
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