Chef deixa restaurante de luxo para cozinhar em escolas do Reino Unido

Criada na ilha de Malta, no Mediterrâneo, Nicole Pisani ou a infância vendo familiares gerenciarem restaurantes. Nenhum deles, no entanto, sabia cozinhar. Na escola, era comum que a comida oferecida não asse de sanduíches de frango ou atum embalados em filme plástico. Quando se tornou adulta, a ideia de alimentar com qualidade outras pessoas se tornou um desejo forte na vida dela. Hoje, Nicole é criadora da Chefs in School, uma organização que busca melhorar a merenda escolar e capacitar os estudantes sobre nutrição e a origem dos alimentos. Mais de 20 mil alunos de 44 escolas do Reino Unido são abrangidos pela iniciativa por dia.
Até criar a Chefs in School, Nicole atuava no Nopi, restaurante renomado de Londres, pertencente ao chef e escritor israelense Yotam Assaf Ottolenghi. Ela cozinhava pratos requintados inspirados na cultura asiática, gerenciava uma equipe de 15 homens e ficava em pé cerca de 16 horas por dia. Mas, aos poucos, o trabalho que tomava em torno de 80 horas por semana da chef de cozinha foi perdendo o sentido para ela.
"A razão pela qual me apaixonei por comida foi para ver as pessoas gostarem e sentir que você está se conectando com alguém porque você cozinhou para elas. Mas, quanto mais tempo você a em restaurantes, menos você tem essa sensação", contou Nicole ao site Positive News.
Escola comunitária
Depois de dois anos e meio, a chef decidiu deixar o trabalho no Soho e ir em busca de novos desafios. Foi quando viu um tuíte sobre uma escola primária no subúrbio de Londres que estava sem cozinheiro e se colocou à disposição.
Como chef nessa escola, Nicole ou a coordenar a alimentação de 500 crianças, com um orçamento de menos de 1 libra (R$ 7,57) por pessoa. O cardápio trazia ingredientes frescos e saudáveis, ando por brownies de beterraba e banana split, muffins de batata doce e espinafre e quiche de abóbora, receitas distantes dos cordeiros e linguados que Nicole preparava com ingredientes caros para seus clientes.
A ideia era manter os alimentos que a escola tinha nas refeições, mas cozinhá-los de maneira diferente, com os pequenos se alimentando em pratos adequados, não em bandejas de plástico, e os cozinheiros trabalhando com roupas de chef, a fim de valorizá-los. "Nas cozinhas das escolas, a mentalidade é que eles são cozinheiros, não chefs. Mas seria muito bom ter pessoas que amam cozinhar nas escolas. Sempre adorei alimentar as pessoas. É gratificante", definiu ela.
Padrão de restaurante
A chef se empolgou tanto com o trabalho na escola comunitária que em 2018 criou a Chefs in School. A iniciativa conta hoje com 120 chefs treinados e tem sido replicada em regiões de Londres menos favorecidas socialmente. Além de ensinar os alunos a cozinhar, a cultivar hortas e a fazer compostagem, o projeto aplica padrões e técnicas de restaurantes nas escolas, orientando ainda a direção sobre como aprimorar suas cozinhas e refeitórios.
"Percebi que era muito mais do que um trabalho, havia tanto que eu poderia fazer no que diz respeito à comida e a toda a cultura escolar, ensinando de onde vem a comida e como fazê-la. Isso me permitiu ser criativa, projetar cardápios, escolher fornecedores, obter ótimos produtos e, em seguida, transformar isso em comida realmente boa", observou a chef.
Para Nicole, é preciso que a comida feita nas escolas também seja desejada. Se uma refeição não é aromatizada e temperada corretamente, não deveria ser servida para alguém, especialmente para uma criança. "Precisamos servir boa comida para crianças em todo o Reino Unido. Isso os beneficia, nos beneficia e, no final, beneficia a sociedade", disse.
Nova formação
Em 2021, a organização criou, em parceria com a Leap Federation, uma escola projetada especialmente para ensinar crianças em idade escolar a cozinhar, a Hackney School of Food. O próximo o será lançar em breve uma formação de chefs escolares. O curso deve abordar aspectos como o tamanho das porções a serem servidas, como dirigir uma equipe de cozinha e evitar desperdícios de alimentos.
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