Jogos épicos e classificações: histórico impecável do Uruguai contra rivais

Faltando oito dias para a estreia do Uruguai na Copa do Mundo, o técnico Diego Alonso ainda tem dúvidas para escalar a equipe contra a Coreia do Sul devido à condição física de alguns jogadores, especialmente Ronald Araújo. Naturalmente, isso coloca em dúvida o desempenho da Celeste no Qatar. Mas se tem uma coisa que certamente pode animar os charrúas é o retrospecto contra os adversários do grupo, especialmente em Copas do Mundo.

Ao longo da história, o Uruguai soma 12 duelos contra Coreia do Sul, Portugal e Gana: são sete vitórias, três empates e duas derrotas. Mas se olharmos os números de perto, veremos um domínio absoluto em Mundiais. Confira o histórico:

Coreia do Sul - 24/11, às 10h

Engana-se quem pensa que Portugal é a equipe com mais enfrentamentos contra o Uruguai: é a Coreia! São oito duelos. Os asiáticos também são os que mais enfrentaram a Celeste em Copas do Mundo: duas vezes, em 1990 e 2010. Ao todo, são seis vitórias uruguaias, um empate e uma vitória sul-coreana. Em Copas: duas vitórias do Uruguai.

A primeira foi em 1990, na última rodada da fase de grupos. Uruguai e Coreia precisavam de uma vitória para buscar a classificação, ao menos como uma das melhores terceiras colocadas. Com quatro dos seis grupos já finalizados, era sabido que um empate eliminaria ambos. Os Tigres Asiáticos, com duas derrotas, ainda precisariam tirar um número considerável no saldo de gols. Apesar do favoritismo uruguaio, o empate persistiu até os 46 minutos do segundo tempo. Mas em uma falta lateral alçada na área, o centroavante Daniel Fonseca apareceu sozinho para testar firme e garantir a classificação agônica, fazendo o segundo e último gol da Celeste naquele Mundial. Uma curiosidade: o técnico era Óscar Tabárez, que depois voltaria a comandar o Uruguai de 2006 a janeiro desse ano.

E foi sob o comando do Maestro o segundo duelo em Copas, agora em um mata-mata. Em 2010, após surpreendente campanha na primeira fase, o Uruguai avançou invicto e líder em um grupo com França, México e os anfitriões sul-africanos. A Coreia do Sul avançou em segundo do Grupo B, deixando Grécia e Nigéria pelo caminho, ficando atrás da Argentina.

Nas oitavas de final, Luis Suárez escreveria o seu principal capítulo no Mundial... Até o jogo seguinte, na famosa partida contra Gana que veremos daqui a pouco. O camisa 9 já havia garantido a classificação e liderança do grupo última rodada, fazendo o gol da vitória contra os mexicanos. No mata-mata, o gol de oportunismo aos 8 minutos do primeiro tempo e o golaço debaixo de forte chuva aos 35 minutos da etapa final garantiram a vitória sofrida por 2 a 1, confirmando o Uruguai nas quartas de final pela primeira vez desde a semifinal de 1970.

Se serve de consolo para os sul-coreanos, a única vitória no confronto aconteceu justamente na última vez que se enfrentaram: 2 a 1, em amistoso disputado pouco depois da Copa do Mundo de 2018.

Portugal - 28/11, às 16h

Você sabia que Uruguai e Portugal já se enfrentaram no Maracanã? Foi em 1972, na Taça Independência, organizada para celebrar os 150 anos da independência brasileira. O duelo terminou 1 a 1. Foi o segundo de três jogos entre as seleções na história. O primeiro foi uma goleada por 3 a 0 dos lusitanos em 1966, às vésperas do Mundial. Se em 66 foi uma preparação de ambos para a Copa, a partida mais recente é de Copa do Mundo, mais especificamente no Mundial ado, na Rússia. E aí a vitória ficou com a Celeste.

O Uruguai novamente terminou em primeiro e invicto no grupo do anfitrião, dessa vez com 100% de aproveitamento. Além da Rússia, Arábia Saudita e Egito completaram o grupo. Na época, criou-se uma discussão na última rodada sobre a possibilidade de "corpo mole" para terminar em segundo e pegar um caminho que se desenhava teoricamente mais fácil. A Celeste não quis saber e aplicou 3 a 0 nos donos da casa, como em 2010. Enquanto isso, Portugal conseguia uma classificação suada contra Irã na última rodada: quem ganhasse, avançava. O empate classificava os portugueses, e foi o que aconteceu: 1 a 1, ficando atrás da Espanha nos gols marcados, que empatou em 2 a 2 contra Marrocos no encerramento do Grupo B.

Se em 2010 Luisito Suárez garantiu a classificação às quartas de final com dois gols, em 2018 seria a vez do seu companheiro, na histórica dupla de ataque uruguaia, fazer o serviço. Para abrir o placar, a conexão de ambos: Cavani inverte o jogo para Suárez, que recebe na ponta, espera o camisa 21 chegar à área e cruza forte, na medida, para El Matador cabecear com violência e abrir o placar. No segundo tempo, com o jogo empatado, a ligação direta de Muslera sobra para Bentancur, que levanta a cabeça e serve para Cavani finalizar da entrada da área. Outra vitória por 2 a 1 garantindo vaga nas quartas de final.

O jogo na Rússia também ficou marcado pela contusão do "herói" Cavani, que deixou o gramado antes do fim do jogo e não enfrentou a França na fase seguinte.

Gana - 02/12, às 12h

Se os dois primeiros adversários no Qatar possuem um histórico com a Celeste que vai além da Copa do Mundo, Uruguai e Gana só se enfrentaram uma única vez. E precisa de mais? A partida de 2 de julho de 2010 está marcada como uma das mais emocionantes da história das Copas. O "sacrifício" de Luis Suárez, fundamental para permitir que o Uruguai chegasse à semifinal, é certamente uma das grandes cenas já vistas em um Mundial. Para Gana, ficou o gosto amargo de (literalmente) bater na trave: seria a primeira seleção africana a chegar a uma semifinal de Copa do Mundo.

Após a já mencionada classificação contra a Coreia do Sul, o Uruguai chegou para um duelo de certa forma surpreendente contra as Estrelas Negras. Os ganeses se classificaram em segundo no Grupo D, atrás da Alemanha e à frente de Austrália (no saldo de gols) e Sérvia. Nas oitavas de final, uma vitória por 2 a 1, na prorrogação, contra o favorito Estados Unidos deixou o povo africano animado: o único representante do continente avançou. E quem foi o autor do gol heroico na prorrogação? Asamoah Gyan. Se você não se lembra, guarde esse nome.

Se contra os Coreia e Portugal foram Suárez e Cavani a ter um papel fundamental, contra Gana foi o companheiro de frente da dupla, eleito o melhor jogador daquela Copa, quem fez a diferença: Diego Forlán. Os ganeses foram para o intervalo em vantagem, com um chute de muito longe de Muntari contando com o efeito da famosa Jabulani para vencer Muslera nos acréscimos do primeiro tempo. No começo da segunda etapa, em falta no bico da grande área, foi a vez do camisa 10 da Celeste usar desse fator: veneno na cobrança e 1 a 1 no placar. O resultado persistiu até o fim e levou o jogo à prorrogação. Mesmo vindo de 30 minutos extras contra os EUA, Gana se mostrou mais inteira e levou mais perigo na prorrogação. Até o último minuto. E o resto é história.

Bate-rebate. Mão de Suárez. Pênalti para bater e acabar o jogo. Lembra de Asamoah Gyan? Que classificou a seleção na fase anterior? Pois é, o futebol tem dessas. Batida na trave e decisão por pênaltis. O mesmo Gyan abriu a série para Gana, com uma cobrança no ângulo, e fez. Mas as defesas de Muslera nos chutes de Mensah e Adiyiah, e a cavadinha "louca" de Abreu escreveram um dos desfechos mais incríveis de um mata-mata de Copa de Mundo.

O presidente da Federação Ganenesa, Kurt Okraku, deu entrevista à BBC após o sorteio da Copa, em abril, e deixou claro que essa partida ainda incomoda o país: "Obviamente, chegou a hora da revanche. Achamos que merecíamos claramente vencer aquele jogo sem aquela defesa de Suárez. Será muito interessante para nós reencontrá-los em campo, com memórias muito vivas. Será importante liquidar essa dívida."

O que acontecerá em 2022 só começaremos a saber daqui alguns dias. Mas o retrospecto contra os rivais do grupo é animador para o Uruguai. Resta saber se ele será ampliado ou se a Celeste conhecerá o seu primeiro capítulo negativo contra esses adversários em Copas do Mundo.