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Comunidades de jogos online ameaçam cultura de empinar pipa nas periferias

Cena cada vez mais rara na quebrada, morador empina pipa no Jardim Monte Azul, zona sul de São Paulo - DiCampana Foto Coletivo
Cena cada vez mais rara na quebrada, morador empina pipa no Jardim Monte Azul, zona sul de São Paulo Imagem: DiCampana Foto Coletivo

Ronaldo Matos*

13/03/2022 04h00

Comunidades virtuais formadas por crianças e adolescentes têm se firmado como um entretenimento digital que reduziu drasticamente o convívio presencial e coletivo nas periferias e favelas, afetando a existência de brincadeiras como a de empinar pipa.

"É época de pipa, o céu tá cheio, 15 anos atrás eu tava ali no meio", canta Mano Brown na música 'Fórmula Mágica da Paz". Vinte e cinco anos depois do lançamento desta música dos Racionais MC's —que provocou uma série de reflexões sobre o impacto da violência policial nas periferias e favelas do Brasil nos anos 90—, muitos aspectos daquela época ainda permanecem atuais, como, por exemplo, a morte da juventude negra.

Além de narrar o contexto sobre a violência urbana, a música "Fórmula Mágica da Paz" também descreve a marcante cultura de soltar pipa, uma brincadeira simples, comum e presente na vida das crianças, jovens e adultos da quebrada que enchiam os céus das periferias, até a popularização do celular.

Hoje, observar os céus das periferias e favelas de São Paulo durante as férias escolares e vê-los com poucas ou nenhuma pipa tem sido doloroso, pois a cultura de soltar pipa faz parte da minha formação cultural como sujeito periférico.

A brincadeira que atravessa gerações vem correndo sérios riscos de ser extinta, graças ao avanço do entretenimento digital, que prende a atenção das crianças dentro de casa e as impede de construir vínculos em ambientes físicos com outros jovens.

Esse é um dos principais legados da cultura de soltar pipa nas periferias: promover o vínculo comunitário, afetivo, social, respeito e principalmente a diplomacia entre as crianças e adolescentes que não se conhecem, que muitas vezes promovem a cultura do diálogo, para que elas mesmas consigam resolver seus desentendimentos por causa da brincadeira.

As tradicionais brigas entre crianças e adolescentes da rua de cima e da rua de baixo por causa de uma laça desleal, envolvendo o famoso 'corta na mão', estão deixando de existir. Uma vez que essa possibilidade de conflito, convivência e aprendizado é reduzida ou quase exterminada, por conta do consumo de entretenimento digital, o processo de desenvolvimento interpessoal das crianças é impactado de forma negativa.

O convívio com pessoas de diversas idades, desfrutando da mesma brincadeira de soltar pipa, é um fator geracional e cultural de suma importância para o desenvolvimento cognitivo e fortalecimento da sagacidade de vivenciar e aprender com outros iguais na quebrada.

As lajes das periferias e favelas e os poucos terrenos baldios que restam na quebrada já não são ocupados por diversos grupos de crianças e adolescentes para soltar pipa, eliminando o ritual de realizar de forma coletiva as coleções de pipas e linhas, bem como a experiência de fazer rabiola juntos e de enrolar a linha nas latas de óleo e de leite em pó.

Mas quais fatores sociais, culturais e tecnológicos têm causado o abandono da cultura de soltar pipa na quebrada?

A resposta a pelo fenômeno da construção de plataformas de jogos eletrônicos que simulam a brincadeira de soltar pipa e que também propõem a formação de comunidades virtuais que substituem o encontro presencial entre crianças e adolescentes, tornando o jogo um mediador das relações entre esse público.

O celular é o dispositivo mais utilizado para ar esses jogos. Entre eles, está o Pipa Combate, um simulador da brincadeira de soltar pipa com 50 milhões de s, que oferece uma experiência bem próxima da realidade, para os usuários realizarem laças entre outros jogadores.

O jogo também oferece a possibilidade de construir comunidades virtuais para realização de festivais de combate de pipa online, tornando possível construir grupos de até oito jogadores. Desta forma, é comum surgirem grupos de crianças e adolescentes que se conhecem por meio do jogo e constroem vínculos cibernéticos a partir desta experiência.

Mas não é só o Pipa Combate que vem impactando a cultura de soltar pipa nas periferias. Com mais de 1 bilhão de s, o Free Fire é um jogo que também permite construir comunidades virtuais entre os jogadores. As crianças e adolescentes da quebrada adoram esse jogo.

Crianças brincam com cano de PVC - DiCampana Foto Coletivo - DiCampana Foto Coletivo
Crianças brincam com cano de PVC com bexiga na Favela do Fim de Semana, na zona sul de São Paulo
Imagem: DiCampana Foto Coletivo

Nos anos 90, a brincadeira de "Polícia e Ladrão" movimentou os becos e vielas da quebrada, onde as crianças usavam canos de PVC acoplados com bexigas para atirar mamonas ou caroços de feijões em seus adversários. Era uma febre nas periferias e favelas, pois permitia a criação de pequenas armas.

E os grupos de crianças e adolescentes que brincavam de "Polícia e Ladrão" eram exatamente os mesmos que terminavam de soltar pipa ao cair da tarde, e partiam para brincar com as arminhas de cano de PVC nas ruas no entorno de suas casas.

De maneira coletiva e num plano digital, os jogadores saem das ruas do seu bairro e vão para as ruas ambientadas no jogo online. Desta forma, o Free Fire reproduz essa cultura do brincar, agregando uma série de características que tornam o jogo bastante atraente no universo da cultura gamer.

Esses exemplos são uma pequena demonstração das mudanças de comportamento da juventude nas periferias e favelas do Brasil.

* Ronaldo Matos é jornalista, educador, pesquisador de tecnologias da informação e comunicação em contextos de periferias urbanas, e editor do portal de jornalismo periférico Desenrola E Não Me Enrola.