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Chip 'eterno' guarda o DNA humano e poderia nos salvar da extinção

Cristal de memória "eterno" Imagem: Divulgação/Universidade de Southampton

Colaboração para Tilt

06/06/2025 05h30

Pesquisadores da Universidade de Southampton, no Reino Unido, anunciaram o armazenamento do genoma humano completo em um chip 5D. Segundo os cientistas, as informações poderiam ser usadas em um eventual cenário de extinção humana.

O que aconteceu

Pesquisadores inseriram no chip a sequência completa do DNA, que contém toda a informação genética de um ser humano. "Há aproximadamente três bilhões de letras do genoma, e cada letra foi sequenciada 150 vezes para garantir que estivesse na posição correta", explica o comunicado da universidade.

Chip está armazenado no arquivo Memory of Mankind (Memória da Humanidade, em tradução livre). O arquivo é uma "cápsula do tempo", segundo os cientistas, e fica localizado em uma caverna de sal em Hallstatt, na Áustria.

Material seria capaz de sobreviver aos humanos e a outras espécies. Para a equipe de pesquisadores, a elaboração do chip possibilita a recuperação de dados feita por alguma forma de inteligência, seja de humanos ou de máquinas, em um futuro "distante".

A chave visual inscrita no chip foi pensada para indicar quais dados estão armazenados e como estes dados podem ser usados. As imagens inseridas mostram quatro elementos universais (hidrogênio, oxigênio, carbono e nitrogênio); as quatro bases da molécula de DNA (adenina, citosina, guanina e timina) com sua estrutura molecular; seu posicionamento na estrutura de dupla hélice do DNA; e como os genes se posicionam em um cromossomo.

No objeto, foi escrita a seguinte mensagem: "Preservando o Código Genético Humano Para a Eternidade: Quem Quer Viver Para Sempre?". Os cientistas acreditam que as informações genéticas humanas guardadas no cristal de memória sejam usadas em um cenário em que o Homo sapiens esteja ameaçado de extinção.

A equipe espera que o cristal possa fornecer um modelo para trazer a humanidade de volta da extinção daqui a milhares, milhões ou até bilhões de anos, se a ciência permitir. Comunicado oficial da Universidade de Southampton

Arquivo da Memória da Humanidade em Hallstatt, na Áustria Imagem: Divulgação/Universidade de Southampton

Chip possibilita que outros pesquisadores construam um arquivo de informações genômicas que, com o avanço da tecnologia, poderá ser usado para restaurar espécies. "Sabemos, pelo trabalho de outros [cientistas], que o material genético de organismos simples pode ser sintetizado e usado em uma célula existente para criar um espécime vivo viável em um laboratório", disse o professor Peter Kazansky, líder do estudo, ao portal da Universidade de Southampton.

Além dos dados humanos, os cientistas planejam criar registro de outras espécies. A tecnologia pode ser implementada para armazenar o genoma de animais ameaçados de extinção e de espécies vegetais, como plantas, frutas, fungos e flores. "Atualmente, não é possível criar sinteticamente humanos, plantas e animais usando apenas informação genética, mas houve grandes avanços na biologia sintética nos últimos anos", diz a universidade. Em 2010, uma equipe liderada pelo professor Craig Venter conseguiu criar uma bactéria a partir da síntese de suas informações genéticas.

Entenda material usado

Chip utilizado é considerado "eterno". O material usado, chamado pelos cientistas envolvidos de "cristal de memória 5D" foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisa Optoeletrônica (ORC, na sigla em inglês) da universidade.

Chip pode armazenar até 360 terabytes de informação e a condições extremas sem perda de dados. "O cristal é equivalente ao quartzo fundido, um dos materiais química e termicamente mais duráveis da Terra. Ele pode ar temperaturas extremas de congelamento, fogo e até 1.000°C", diz a instituição em comunicado divulgado em seu portal oficial em setembro do ano ado.

O cristal de memória pode ar impactos diretos de até 10 toneladas por cm² e não sofre perdas mesmo após exposição à radiação cósmica. Conforme a universidade, o "cristal de memória" é dono do recorde mundial como o material de armazenamento de dados mais durável no Guinness Book desde 2014.

Segundo os pesquisadores, o material do chip é "revolucionário". A partir de lasers ultrarrápidos, as informações foram escritas com precisão em "vazios nanoestruturados" dentro da sílica —mineral utilizado em diferentes áreas da indústria. "Ao contrário da marcação apenas na superfície de um pedaço de papel 2D ou fita magnética, este método de codificação utiliza duas dimensões ópticas e três coordenadas espaciais para escrever em todo o material —daí o '5D' em seu nome", explica a instituição.

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