Enxergar o navio negreiro de perto
Fernando Holiday | Por Guilherme Tagiaroli, de Tilt
;(function() { window.createMeasureObserver = (measureName) => { var markPrefix = `_uol-measure-${measureName}-${new Date().getTime()}`; performance.mark(`${markPrefix}-start`); return { end: function() { performance.mark(`${markPrefix}-end`); performance.measure(`uol-measure-${measureName}`, `${markPrefix}-start`, `${markPrefix}-end`); performance.clearMarks(`${markPrefix}-start`); performance.clearMarks(`${markPrefix}-end`); } } }; /** * Gerenciador de eventos */ window.gevent = { stack: [], RUN_ONCE: true, on: function(name, callback, once) { this.stack.push([name, callback, !!once]); }, emit: function(name, args) { for (var i = this.stack.length, item; i--;) { item = this.stack[i]; if (item[0] === name) { item[1](args); if (item[2]) { this.stack.splice(i, 1); } } } } }; var runningSearch = false; var hadAnEvent = true; var elementsToWatch = window.elementsToWatch = new Map(); var innerHeight = window.innerHeight; // timestamp da última rodada do requestAnimationFrame // É usado para limitar a procura por elementos visíveis. var lastAnimationTS = 0; // verifica se elemento está no viewport do usuário var isElementInViewport = function(el) { var rect = el.getBoundingClientRect(); var clientHeight = window.innerHeight || document.documentElement.clientHeight; // renderizando antes, evitando troca de conteúdo visível no chartbeat-related-content if(el.className.includes('related-content-front')) return true; // garante que usa ao mínimo 280px de margem para fazer o lazyload var margin = clientHeight + Math.max(280, clientHeight * 0.2); // se a base do componente está acima da altura da tela do usuário, está oculto if(rect.bottom < 0 && rect.bottom > margin * -1) { return false; } // se o topo do elemento está abaixo da altura da tela do usuário, está oculto if(rect.top > margin) { return false; } // se a posição do topo é negativa, verifica se a altura dele ainda // compensa o que já foi scrollado if(rect.top < 0 && rect.height + rect.top < 0) { return false; } return true; }; var asynxNextFreeTime = () => { return new Promise((resolve) => { if(window.requestIdleCallback) { window.requestIdleCallback(resolve, { timeout: 5000, }); } else { window.requestAnimationFrame(resolve); } }); }; var asyncValidateIfElIsInViewPort = function(promise, el) { return promise.then(() => { if(el) { if(isElementInViewport(el) == true) { const cb = elementsToWatch.get(el); // remove da lista para não ser disparado novamente elementsToWatch.delete(el); cb(); } } }).then(asynxNextFreeTime); }; // inicia o fluxo de procura de elementos procurados var look = function() { if(window.requestIdleCallback) { window.requestIdleCallback(findByVisibleElements, { timeout: 5000, }); } else { window.requestAnimationFrame(findByVisibleElements); } }; var findByVisibleElements = function(ts) { var elapsedSinceLast = ts - lastAnimationTS; // se não teve nenhum evento que possa alterar a página if(hadAnEvent == false) { return look(); } if(elementsToWatch.size == 0) { return look(); } if(runningSearch == true) { return look(); } // procura por elementos visíveis apenas 5x/seg if(elapsedSinceLast < 1000/5) { return look(); } // atualiza o último ts lastAnimationTS = ts; // reseta status de scroll para não entrar novamente aqui hadAnEvent = false; // indica que está rodando a procura por elementos no viewport runningSearch = true; const done = Array.from(elementsToWatch.keys()).reduce(asyncValidateIfElIsInViewPort, Promise.resolve()); // obtém todos os elementos que podem ter view contabilizados //elementsToWatch.forEach(function(cb, el) { // if(isElementInViewport(el) == true) { // // remove da lista para não ser disparado novamente // elementsToWatch.delete(el); // cb(el); // } //}); done.then(function() { runningSearch = false; }); // reinicia o fluxo de procura look(); }; /** * Quando o elemento `el` entrar no viewport (-20%), cb será disparado. */ window.lazyload = function(el, cb) { if(el.nodeType != Node.ELEMENT_NODE) { throw new Error("element parameter should be a Element Node"); } if(typeof cb !== 'function') { throw new Error("callback parameter should be a Function"); } elementsToWatch.set(el, cb); } var setEvent = function() { hadAnEvent = true; }; window.addEventListener('scroll', setEvent, { capture: true, ive: true }); window.addEventListener('click', setEvent, { ive: true }); window.addEventListener('resize', setEvent, { ive: true }); window.addEventListener('load', setEvent, { once: true, ive: true }); window.addEventListener('DOMContentLoaded', setEvent, { once: true, ive: true }); window.gevent.on('allJSLoadedAndCreated', setEvent, window.gevent.RUN_ONCE); // inicia a validação look(); })();
Fernando Holiday | Por Guilherme Tagiaroli, de Tilt
O exame de DNA se popularizou. Mais barato e fácil de fazer, ele virou uma importante ferramenta para resgatar a ancestralidade negra do povo brasileiro. Tilt propôs, e 20 personalidades toparam fazer o teste e olhar para essa cicatriz histórica gerada pela escravidão no Brasil (veja abaixo). Se você quer entender o papel da ferramenta genética e como o Estado brasileiro moeu memórias, leia o texto "Quando o DNA diz de onde vim", que dá início ao projeto documental Origens. Agora, é hora de elas contarem o que descobriram e de onde vieram. Com a palavra, Fernando Holiday:
Este é um capítulo da série
Quem não sabe de onde veio não sabe para onde vai?
capítulo 1
capítulo 2
capítulo 3
capítulo 4
capítulo 5
capítulo 6
capítulo 7
capítulo 8
capítulo 9
capítulo 10
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
capítulo 21
capítulo 22
As primeiras dúvidas de Fernando Holiday (sem partido-SP) sobre a própria origem surgiram na adolescência, mas não havia para quem perguntar. O pai abandonou a família e a mãe não era muito de falar do assunto. Os parentes, muito idosos, tinham dificuldades para lembrar. O pouco que Fernando Silva Bispo (nome de batismo do político) sabia era que a avó da avó havia sido escravizada. Ouviu que uma bisavó era branca. Do lado do pai, então, só sabia que eram todos negros de Vitória da Conquista (BA). O resto era palpite.
A participação do vereador paulista, de 24 anos, no projeto "Origens" fez cair alguma fichas. Conhecido por seu posicionamento de direita e contra ações afirmativas, como as cotas raciais, ele diz que o resultado do teste de DNA o ajudou a ter uma consciência diferente sobre a sua ancestralidade: entendeu que está diretamente ligado a homens e mulheres que foram violentamente retirados de seus países e trazidos à força para o Brasil.
A percepção da falta de conhecimento da própria origem ganhou força nos anos de escola. Ao conviver com pessoas brancas de classe média, notou que, ao contrário dele, quase todos sabiam de onde vinham e a história da família. Muitos conheciam e até há haviam visitado a cidade natal dos pais e dos avós.
Agora ligue o som, no canto superior direito.
Você vai perceber, ao longo do projeto, que isso acontece algumas vezes. As pessoas "sentem" de onde vieram. A família do Holiday suspeitava de que eles tinham alguma ligação com Angola, algo que era atribuído a uma certa semelhança física. Era puro chute, mas foi o que o teste confirmou.
Não é que Holiday negasse os impactos da escravidão ou sua raça, mas, depois do teste, virou algo pessoal. É como se aquele período saísse dos livros e entrasse na sua vida. É por isso que ele usa o Holocausto para exemplificar. "Eu sempre tive uma repulsa por tudo que os judeus sofreram no nazismo, mas não é algo que conversa pessoalmente com a minha história, com pessoas da minha família. É uma repulsa a um fato histórico".
Holiday sabia que havia alguma influência europeia na família. Por isso, temeu que o teste o mostrasse "menos negro", o que poderia ser usado contra sua figura política. Com o resultado em mãos, avaliou que isso só confirma sua origem miscigenada:
O teste mostrou 26,4% de origem na Hungria.
Para quem acha estranho seu posicionamento anticotas, Holiday diz que não nega que vivemos numa sociedade racista. Mas ele concorda com o que escreveu o sociólogo brasileiro Gilberto Freyre, autor do livro "Casa Grande e Senzala", que defende que somos um povo miscigenado, e com o economista norte-americano Thomas Sowell, que vê ações afirmativas como incapazes de solucionar desigualdades.
Aquele pouquinho de saliva coletado para fazer o exame trouxe um mapeamento profundo da sua ancestralidade e muitas portas se abriram. Mas o teste de DNA não resolveu tudo. "Vai ficar uma dúvida para o resto da minha vida: minha tataravó era nigeriana ou angolana? Quando essas pessoas chegaram? Essa linhagem da minha família começa lá no século 16 ou mais para o século 18?", explica.
Publicado em 20 de abril de 2021.
Reportagem: Guilherme Tagiaroli
Coordenação e Edição: Fabiana Uchinaka e Helton Simões Gomes
Produção: Barbara Therrie
Arte: Deborah Faleiros
Fotos: Keiny Andrade
Este é um capítulo da série
Quem não sabe de onde veio não sabe para onde vai?
capítulo 1
capítulo 2
capítulo 3
capítulo 4
capítulo 5
capítulo 6
capítulo 7
capítulo 8
capítulo 9
capítulo 10
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
capítulo 21
capítulo 22