Cobrindo feridas abertas com DNA
Paula Lima | Por Guilherme Tagiaroli, repórter de Tilt
;(function() { window.createMeasureObserver = (measureName) => { var markPrefix = `_uol-measure-${measureName}-${new Date().getTime()}`; performance.mark(`${markPrefix}-start`); return { end: function() { performance.mark(`${markPrefix}-end`); performance.measure(`uol-measure-${measureName}`, `${markPrefix}-start`, `${markPrefix}-end`); performance.clearMarks(`${markPrefix}-start`); performance.clearMarks(`${markPrefix}-end`); } } }; /** * Gerenciador de eventos */ window.gevent = { stack: [], RUN_ONCE: true, on: function(name, callback, once) { this.stack.push([name, callback, !!once]); }, emit: function(name, args) { for (var i = this.stack.length, item; i--;) { item = this.stack[i]; if (item[0] === name) { item[1](args); if (item[2]) { this.stack.splice(i, 1); } } } } }; var runningSearch = false; var hadAnEvent = true; var elementsToWatch = window.elementsToWatch = new Map(); var innerHeight = window.innerHeight; // timestamp da última rodada do requestAnimationFrame // É usado para limitar a procura por elementos visíveis. var lastAnimationTS = 0; // verifica se elemento está no viewport do usuário var isElementInViewport = function(el) { var rect = el.getBoundingClientRect(); var clientHeight = window.innerHeight || document.documentElement.clientHeight; // renderizando antes, evitando troca de conteúdo visível no chartbeat-related-content if(el.className.includes('related-content-front')) return true; // garante que usa ao mínimo 280px de margem para fazer o lazyload var margin = clientHeight + Math.max(280, clientHeight * 0.2); // se a base do componente está acima da altura da tela do usuário, está oculto if(rect.bottom < 0 && rect.bottom > margin * -1) { return false; } // se o topo do elemento está abaixo da altura da tela do usuário, está oculto if(rect.top > margin) { return false; } // se a posição do topo é negativa, verifica se a altura dele ainda // compensa o que já foi scrollado if(rect.top < 0 && rect.height + rect.top < 0) { return false; } return true; }; var asynxNextFreeTime = () => { return new Promise((resolve) => { if(window.requestIdleCallback) { window.requestIdleCallback(resolve, { timeout: 5000, }); } else { window.requestAnimationFrame(resolve); } }); }; var asyncValidateIfElIsInViewPort = function(promise, el) { return promise.then(() => { if(el) { if(isElementInViewport(el) == true) { const cb = elementsToWatch.get(el); // remove da lista para não ser disparado novamente elementsToWatch.delete(el); cb(); } } }).then(asynxNextFreeTime); }; // inicia o fluxo de procura de elementos procurados var look = function() { if(window.requestIdleCallback) { window.requestIdleCallback(findByVisibleElements, { timeout: 5000, }); } else { window.requestAnimationFrame(findByVisibleElements); } }; var findByVisibleElements = function(ts) { var elapsedSinceLast = ts - lastAnimationTS; // se não teve nenhum evento que possa alterar a página if(hadAnEvent == false) { return look(); } if(elementsToWatch.size == 0) { return look(); } if(runningSearch == true) { return look(); } // procura por elementos visíveis apenas 5x/seg if(elapsedSinceLast < 1000/5) { return look(); } // atualiza o último ts lastAnimationTS = ts; // reseta status de scroll para não entrar novamente aqui hadAnEvent = false; // indica que está rodando a procura por elementos no viewport runningSearch = true; const done = Array.from(elementsToWatch.keys()).reduce(asyncValidateIfElIsInViewPort, Promise.resolve()); // obtém todos os elementos que podem ter view contabilizados //elementsToWatch.forEach(function(cb, el) { // if(isElementInViewport(el) == true) { // // remove da lista para não ser disparado novamente // elementsToWatch.delete(el); // cb(el); // } //}); done.then(function() { runningSearch = false; }); // reinicia o fluxo de procura look(); }; /** * Quando o elemento `el` entrar no viewport (-20%), cb será disparado. */ window.lazyload = function(el, cb) { if(el.nodeType != Node.ELEMENT_NODE) { throw new Error("element parameter should be a Element Node"); } if(typeof cb !== 'function') { throw new Error("callback parameter should be a Function"); } elementsToWatch.set(el, cb); } var setEvent = function() { hadAnEvent = true; }; window.addEventListener('scroll', setEvent, { capture: true, ive: true }); window.addEventListener('click', setEvent, { ive: true }); window.addEventListener('resize', setEvent, { ive: true }); window.addEventListener('load', setEvent, { once: true, ive: true }); window.addEventListener('DOMContentLoaded', setEvent, { once: true, ive: true }); window.gevent.on('allJSLoadedAndCreated', setEvent, window.gevent.RUN_ONCE); // inicia a validação look(); })();
Paula Lima | Por Guilherme Tagiaroli, repórter de Tilt
O exame de DNA se popularizou. Mais barato e fácil de fazer, ele virou uma importante ferramenta para resgatar a ancestralidade negra do povo brasileiro. Tilt propôs, e 20 personalidades toparam fazer o teste e olhar para essa cicatriz histórica gerada pela escravidão no Brasil (veja abaixo). Se você quer entender o papel da ferramenta genética e como o Estado brasileiro moeu memórias, leia o texto "Quando o DNA diz de onde vim", que dá início ao projeto documental Origens. Agora, é hora de elas contarem o que descobriram e de onde vieram. Com a palavra, Paula Lima:
Sempre foi uma questão para mim: quem sou eu, por que eu sou assim, por que eu estou aqui? Agora eu tenho uma ideia"
Este é um capítulo da série
Quem não sabe de onde veio não sabe para onde vai?
capítulo 1
capítulo 2
capítulo 3
capítulo 4
capítulo 5
capítulo 6
capítulo 7
capítulo 8
capítulo 9
capítulo 10
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
capítulo 21
capítulo 22
A cantora Paula Lima, 50, já rodou o mundo fazendo shows. Mas a paulistana, nascida e criada no bairro do Ipiranga, na zona sul de São Paulo, lembra que foi em Angola que percebeu algo diferente. "Fui tocar num festival de jazz e falei: eu estou jogando em casa, esses são meus parentes". A semelhança, agora explicada pelo exame de DNA, estava na cara.
Filha de um metalúrgico e uma professora, ambos negros, Paula diz que ficou impressionada com as lacunas que o teste ajudou a preencher. O resultado genético confirmou as origens africanas e deu detalhes surpreendentes, mas, acima de tudo, respondeu as perguntas que carregava desde criança. "Era um ponto de interrogação, eu ficava inconformada", explica.
Agora ligue o som, no canto superior direito.
Paula conta que sua família era da "classe média negra" —ela faz essa ressalva, porque entende que o o não era igual ao dos brancos. Havia conforto: escola particular, casa própria, parentes com ensino superior. A educação, inclusive sobre a origem negra, foi a marca deixada pelo avô materno, que sempre reforçou que independência financeira era sinônimo de poder. "Isso deu outro caminho para todos nós", acredita.
No colégio de 800 alunos, onde estudou a vida toda, ela sempre foi a única pessoa negra e logo viu as diferenças no tratamento, nas referências culturais e também na relação com os anteados. Ela ava os sábados nas feijoadas "na casa do meu tio Beto, ouvindo samba e Djavan", coisa estranha para os amigos brancos. "Não tinha esse tipo de troca", lembra.
A busca por detalhes sobre os anteados começou justamente nessa fase da escola, pois os colegas, filhos de imigrantes, sabiam tudo muito suas famílias. E ela só tinha as informações das aulas da escola —"a lei dos sexagenários, a lei do ventre livre", lembra. Quando tentava perguntar, encontrava outra barreira: "Tinha uma ferida aberta para as pessoas mais velhas negras. Era muito dolorido falar da escravidão, de quem foi escravo", explica.
A cantora ficou muito feliz com o resultado, que considerou "super específico e uma pesquisa profunda e verdadeira no tempo e no espaço".
Paula comemorou cada pedaço de informação. "Polônia é surreal", disse. "Tem índios, Gâmbia, Gabão e Camarões, fiquei encantada", completou. E tudo se resumiu em uma frase: "Fiquei me achando muito brasileira", porque até a parte europeia é um pedaço importante da história do Brasil: Portugal e Espanha representam os colonizadores.
Agora, ela pretende se jogar nas pesquisas e, futuramente, nas viagens. "Eu acho que é muito importante saber de onde a gente veio para saber qual é o próximo o que vamos dar. A próxima geração já não vem com o vazio e o inconformismo que eu tive", ressalta.
O teste fez "tudo borbulhar" e começou a iluminar o ado, mas Paula não sabe como se deu o processo de mistura com europeus e nem como seus anteados chegaram ao país. Desde a saída da África até a chegada ao Brasil, escravizados ganhavam novos nomes, eram proibidos de professar suas crenças e, após a abolição, houve um processo de "apagamento da história".
Por outro lado, acredita ela, o exame de DNA é ível e pode ajudar muita gente a entender quem é e se aproximar de outras referências. "Nos países africanos, pessoas pretas têm todos os tipos de profissão e estão em todos os lugares. Apesar da discrepância social, o dono da companhia aérea, o dono do banco, o cara do hotel e a pessoa que limpa o chão são pessoas negras. É muito diferente do Brasil", diz.
Publicado em 13 de maio de 2021.
Reportagem: Guilherme Tagiaroli
Coordenação e Edição: Fabiana Uchinaka e Helton Simões Gomes
Produção: Barbara Therrie
Arte: Suellen Lima
Fotos: Júlia Rodrigues
Este é um capítulo da série
Quem não sabe de onde veio não sabe para onde vai?
capítulo 1
capítulo 2
capítulo 3
capítulo 4
capítulo 5
capítulo 6
capítulo 7
capítulo 8
capítulo 9
capítulo 10
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
capítulo 21
capítulo 22