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Um ano de covid: "Agora sonho com grito de dor de paciente", diz enfermeira

Em 2020, Cristiane Guerra, diretora de enfermagem do Hospital do Ipiranga, em SP, dizia que tudo iria ar; hoje, se despera lidando com a morte todo dia - Avener Prado/UOL
Em 2020, Cristiane Guerra, diretora de enfermagem do Hospital do Ipiranga, em SP, dizia que tudo iria ar; hoje, se despera lidando com a morte todo dia Imagem: Avener Prado/UOL

Camila Brandalise

De Universa, em São Paulo

23/03/2021 04h00

Menos de um mês o após o início da pandemia de coronavírus, fui ao Hospital Estadual Ipiranga, referência no tratamento de covid-19 em São Paulo, para relatar a rotina das enfermeiras nas UTIs da doença. A diretora de enfermagem, Cristiane Guerra, me recebeu de máscara e com um sorriso, que pude perceber pelo seu olhar. "Nos armamos para lutar o bom combate", disse naquela ocasião. Ao final da entrevista, se despediu esperançosa: "Eu sei que tudo isso vai ar."

Naquele início de abril, o sistema de saúde na maioria dos estados não havia entrado em colapso e o país contabilizava um total de 6.000 mortes por covid-19 — hoje, quase 3.000 pessoas vão a óbito pela doença em apenas um dia e o país está prestes a bater a marca de 300 mil mortos.

Nesta segunda (22), voltei a conversar com Cristiane, que agora tem o tom de voz de desespero ao falar do pior momento da pandemia no país, com pacientes morrendo por falta de leitos em hospitais. Na véspera, ela conta que não havia conseguido descansar porque "trabalhou até sonhando", algo que tem sido relatado por profissionais de saúde.

Sonho com o hospital, com o que precisa ser feito. Os gritos de dor dos pacientes, o choro. Mexe muito com a gente. Vemos as pessoas morrendo de uma hora para a outra, elas não am por um processo de piora, como antes. A doença parece mais agressiva, os pacientes são mais jovens. É desesperador.

cristiane machado do hospital ipiranga - Avener Prado/UOL - Avener Prado/UOL
Para Cristiane, as fake news contribuem para a estafa: "Dói na alma ver gente duvidar do número de mortes"
Imagem: Avener Prado/UOL

"Está cansado de ficar em casa? Pois nós estamos enlouquecendo"

Após um respiro momentâneo por causa da queda de casos desde setembro, as internações no Hospital Ipiranga voltaram a aumentar muito há pouco mais de um mês. Se, no ano ado, o pico chegou a 90 novos atendimentos por dia, agora é de 110. Todos os 24 leitos de UTI estão ocupados.

Mesmo nas folgas, que são de oito a nove por mês, em casa e tentando descansar, a enfermeira de 48 anos — 20 deles dedicado à profissão — diz não conseguir pensar em outra coisa. Os olhares dos pacientes, conta, também ecoam em sua memória. "Por mais que fale que preciso separar as coisas, não dá, é muita gente precisando", fala.

É só por amor que estamos conseguindo sobreviver a tudo isso. Sabe o que me dói? Ouvir as pessoas dizendo que não aguentam mais ficar em casa, que precisam ver gente. Você está cansado de ficar em casa? Pois nós estamos enlouquecendo vendo a morte a todo momento.

A diretora de enfermagem é a pessoa que os colegas procuram para para desabafar. Nos corredores, conta, aborda os enfermeiros diariamente para saber como estão. "Pego todo mundo no colo."

Ela também ajuda em situações delicadas, como informar a morte de um parente para alguém que também está internado. "Recentemente, tivemos três pacientes internados da mesma família: a mulher, o marido, que morreu, e o irmão dela. Não temos direito de esconder nada, mas temos que pensar em como dar uma notícia dessas ao paciente. Ela pode pensar que será a próxima a morrer, fica nervosa e pode piorar o quadro", diz.

Esses dias, uma enfermeira me pediu: 'Cris, não vai desistir, pelo amor de Deus'. Tento ser forte na frente deles, não posso esmorecer. Me apego à minha fé, sou muito religiosa. Digo que vai melhorar, tento ajudar, mas está todo mundo cansado. Nosso grau de força para o enfrentamento da covid diminuiu bastante.

Enfermeira Roseneide Tunico - especial Enfermeiras - Avener Prado/UOL - Avener Prado/UOL
Em abril de 2020, a repórter Camila Brandalise relatou a rotina de enfermeiras no Hospital do Ipiranga
Imagem: Avener Prado/UOL

"Ver duvidarem do número de mortes me dói na alma"

Além de medo e desespero, a fala de Cristiane tem também revolta. "É de doer na alma ver gente duvidando do número de mortes por covid, como se não fosse tão alto quanto está sendo divulgado. Estamos procurando lugar para colocar os corpos, de tanto óbito. Nunca vi isso em 20 anos de enfermagem", afirma. As fake news, diz, são um motivo a mais de cansaço, além da estafa física e mental que o trabalho durante a pandemia trouxe.

A ciência está aí mostrando os números, como podem negar? Tem gente que vive em uma caixinha e não consegue enxergar o sofrimento alheio. No Brasil é assim: tem que estar bom para mim, você que morra.

Cristiane mostra desalento com a previsão do aumento do número de mortes por covid nos próximos dias. "Se piorar, não sei o que vai ser. E tudo isso poderia ter sido evitado", afirma.

Para mim, o maior erro foi da população. Claro que já deveríamos ter uma vacinação em massa, mas as pessoas não contribuíram. Depois que os números começaram a cair e veio a vacina, muita gente perdeu o medo, começou a sair, ir para o bar, andar com máscara no queixo.

Vacinada desde dezembro após participar de testes da CoronaVac, ela ainda tem medo de transmitir a doença, principalmente para o marido hipertenso e para as duas filhas, que moram com ela. "Sigo todos os protocolos de segurança, mas tenho medo até de respirar. Ando com um álcool em gel no peito, o depois de encostar em qualquer coisa, até botão de elevador. Como pode alguém não ter medo por si e pelos outros?"