Entenda a importância do exercício físico no diabetes gestacional

Quando engravida, a mulher descobre um novo mundo de cuidados na rotina e exames que devem ser priorizados para uma gestação saudável. Por isso, o pré-natal é primordial. Uma das doenças a serem investigadas nesse período é a diabetes gestacional, condição metabólica exclusiva da gestação que apresenta riscos para a mãe e o bebê.

O diabetes pode acarretar inúmeras complicações maternofetais, entre elas o maior risco de cesariana, pré-eclâmpsia e prematuridade. Além disso, mais do que 50% das mulheres com histórico de diabetes gestacional desenvolvem o diabetes após o parto. Em média, 7% de todas as gestações estão associadas a essa complicação, resultando em mais de 200 mil casos/ano.

Engana-se quem acredita que ela ocorra somente em gestantes que ganham peso excessivo. Há fatores de risco que influenciam seu desenvolvimento, mas vale entender que condições fisiológicas no organismo da grávida a predispõem. Em especial, as adaptações do terceiro trimestre. Por isso, pode afetar até gestantes que possuíam glicemia normal antes da gestação.

O que é diabetes gestacional?

• É definido por níveis elevados de açúcar no sangue devido ao aumento da resistência insulínica, provocada pelos hormônios gestacionais.
• A própria placenta reduz a efetividade da insulina com o intuito de disponibilizar nutrientes para o feto. Por isso, o corpo da gestante muda e trabalha para produzir mais insulina que o habitual (quando não estava grávida).
• Há muitos casos em que o corpo da gestante pode não atingir essa homeostase ou equilíbrio entre a insulina e a glicemia.

Fatores de risco

• Gestação acima dos 35 anos;
• Obesidade;
• Síndrome do ovário policístico, ou SOP;
• História familiar de diabetes gestacional;
• Ganho de peso excessivo na gestação;
• Hipertensão;
• Histórico de acidentes obstétricos.

Quais os sintomas de diabetes gestacional?

• Sinais e sintomas podem se confundir com o curso da gestação. Por isso, o acompanhamento pré-natal é a chave para garantir o rastreamento e tratamento adequado.
• Os sintomas podem incluir: fadiga, náuseas, alteração de apetite, vontade de urinar, sede excessiva, sensação de boca seca etc.

Prevenção, tratamento e o papel do exercício para uma gestação mais saudável

• A OMS recomenda que o rastreamento do diabetes gestacional seja universal, independente da presença de fatores de risco.
• Já na primeira consulta pré-natal, geralmente realizada no primeiro trimestre, tão logo se descubra a gravidez, a glicemia deve ser avaliada. Ainda, na 24ª e 28ª semanas de gestação, é feito o teste de curva glicêmica.
• Caso diagnosticado, a gestante deve ser acompanhada por uma equipe multiprofissional.
• O tratamento é feito à base de dieta balanceada prescrita por nutricionistas, atividade física orientada pelo fisioterapeuta e educador físico e medicação prescrita pelo médico.
• O exercício físico tem papel importante para essas gestantes, pois contribui para o controle metabólico materno: a atividade proporciona o aumento do consumo de glicose pelas hemácias e fibras musculares, regulando as taxas de glicose no sangue e favorecendo o controle de peso --importantes para a saúde materno-infantil.

Cuidados para gestantes: antes de iniciar qualquer atividade física, é importante que os exercícios sejam controlados e orientados por um profissional da área de saúde e, se possível, especializado em obstetrícia. Cuidados devem ser tomados para não desencadear quadros vasomotores, hipertensão arterial e insuficiência placentária.

Nesses casos, as modalidades mais indicadas são os exercícios aeróbicos e resistidos, de intensidade leve a moderada. Em relação à frequência: o ideal seria fazer 30 minutos no mínimo, de três a quatro vezes na semana.

O exercício encarado como seu remédio!

• Estudos comprovam benefícios já no segundo mês de treino em gestantes diabéticas que praticavam exercícios aeróbicos moderados realizados três vezes na semana, com duração de 50 minutos.
• Outro estudo recente desenvolveu um protocolo com exercícios de força, respiratórios e de relaxamento para gestantes com diabetes, mostrando resultados eficazes em relação à experiência no trabalho de parto --com controle de respiração e relaxamento durante as contrações, e uma significante redução de complicações metabólicas e obstétricas.

Seja investindo na prática do pilates, da ioga ou da musculação, não deixe de ter assistência com um profissional da área de obstetrícia. Monitorar e cuidar da sua saúde é também garantir a saúde de seu bebê.

*Colaboração: Renata Luri, doutora e fisioterapeuta pela Unifesp e Juliana Satake, fisioterapeuta especializada em obstetrícia pela Unicamp e sócia da Clínica La Posture.

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