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Paladar infantil nem sempre é frescura e pode ser considerado um transtorno

iStock
Imagem: iStock

Luiza Ferraz

Colaboração para VivaBem

02/07/2021 04h00

Todo mundo tem aquele amigo que é visto como "chato para comer" e que quando vai ao restaurante ou a reuniões familiares é uma "dor de cabeça": não gosta de experimentar pratos novos, prefere sempre a mesma coisa e às vezes leva até a sua própria comida. Mas essa forma de agir pode ser mais complexa do que uma simples "frescura", e se tratar de um transtorno.

Chamado de Tare (Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo), ele ocorre quando a seletividade alimentar, caracterizada pela rejeição a diversos tipos de alimentos, acarreta problemas nutricionais e até psicológicos para a pessoa. Nesses casos, o indivíduo precisa de tratamento, que pode pode incluir, em alguns casos, medicação.

"Essa é uma doença em que o indivíduo evita os alimentos principalmente por questões de textura, cor, sabor e aspecto, como se isso fosse de alguma forma repulsivo", explica Eduardo Aratangy, médico supervisor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Por que alguém desenvolve Tare?

A evitação com bases sensoriais como textura, cheiro e cor pode ter relação com uma crença ou um trauma do ado. Uma criança que já teve um forte engasgamento pode se tornar um adulto que busca comidas mais líquidas e pastosas.

Segundo Eduardo Aratangy, essa doença se aproxima muito do TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), além de transtornos do neurodesenvolvimento, como o autismo. A pessoa fica tão preocupada em não ingerir determinado tipo de alimento que acaba se tornando uma obsessão.

"Medo é normal, fobia é excessivo. Tristeza é normal, depressão é patológico. É comum ter gostos e preferências, mas quando isso traz limitação, sofrimento e começa a dominar a sua vida, fazendo com que você viva em função disso, se torna um problema", explica.

Como a alimentação está diretamente ligada ao espectro social, confraternizações familiares, de amigos ou simplesmente de trabalho geralmente envolvem comida podem ser difíceis para pessoas que sofrem dessa restrição.

A fonoterapeuta Sabrina Fontanesi viveu isso na pele. Aos 29 anos, ela descobriu que sofria com seletividade alimentar e todos os problemas que vivia desde criança finalmente fizeram sentido. Agora, já são cinco anos em tratamento. "A parte social ainda machuca muito. A gente aprende a lidar, mas a sociedade não entende muito bem a seletividade alimentar. Eu convivo com pessoas que acham que é frescura, é só você por na boca e comer, não entendem todo esse processo", afirma.

"Eu já cheguei a vomitar no meio de restaurantes por ter mastigado um alimento que eu não tenho condições ainda de ar dentro da minha boca. Já tive casos em que desmaiei por estar em um evento que não tinha nada que eu comia, e pra não ser indelicada, fiquei um grande período de tempo sem comer", completa.

Como é feito o diagnóstico?

Esse transtorno é originalmente descrito na infância, quando crianças não têm interesse por comidas em geral. Se não tratado corretamente, ele pode ser levado até a fase adulta, causando impactos ainda maiores.

Segundo estudo da Universidade de Ottawa, no Canadá, estima-se que as taxas de internação em hospitais pediátricos por essa doença variam de 5% a 14%. Além disso, até 22,5% das crianças estão em um programa de tratamento.

"Para diagnosticar como Tare, é preciso avaliar a gravidade das consequências, como perda de peso significativa, deficiência nutricional e a interferência marcante no funcionamento psicossocial, como a impossibilidade de manter relações sociais por conta da alimentação", afirma Aline Monteiro, nutricionista da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador.

O diagnóstico impactou a carreira de Sabrina, que já era formada em fonoaudiologia e decidiu se especializar no assunto para compartilhar suas experiências e ajudar crianças a não evoluírem com esse quadro. "O fato de eu ter essa seletividade faz com que eu entenda o que se a na cabeça das crianças, eu sei o quanto é difícil levar um alimento à boca, eu sei que não é frescura você não conseguir expandir e colocar um alimento novo no seu cardápio. Há questões emocionais envolvidas", conta.

Além dos problemas sociais, a seletividade pode se associar ao desenvolvimento de doenças crônicas. "Se a seletividade está associada à compulsão alimentar e esse indivíduo tem preferência por alimentos processados, é possível que ele desenvolva sobrepeso e obesidade. As consequências desse consumo elevado são as doenças crônicas, como diabetes e hipertensão", afirma Monteiro.

Como tratar?

Cada tratamento é feito de uma forma, dependendo da gravidade do transtorno. Para isso, é necessário uma equipe multidisciplinar envolvendo um médico psiquiatra e um nutricionista.

"No fim das contas, o tratamento definitivo é a dessensibilização. Em algum momento, o indivíduo vai ter que comer aquele determinado alimento. Pode começar apenas olhando, tocando e cheirando. Tudo é feito com cuidado para não causar um sofrimento desnecessário", afirma Aratangy.

Quando os sintomas dessa sensibilidade são de muita ansiedade e tensão, é preciso entrar com medicação, sempre com o acompanhamento de um especialista. A intenção é que esse processo seja o menos doloroso possível.

Já a introdução das comidas precisa ser feita de maneira gradual e com a ajuda do nutricionista, que busca maneiras diferentes de fazer o paciente experimentar os novos sabores. "Se um adulto não consegue consumir tomate in natura, talvez seja melhor começar a preparar esse alimento de forma diferente, picadinho ou misturado com alguma comida que ele goste. Às vezes dá certo e às vezes não, é muito particular", explica Aline Monteiro.

A nutricionista ainda alerta que o tratamento pode demorar meses e até anos, já que não se pode esperar que uma pessoa comece a consumir normalmente um alimento que levou a vida inteira para conseguir colocar na boca.

Diferença entre seletividade, alergias e veganismo

Apesar de o veganismo gerar um isolamento por conta das restrições alimentares que ele implica, não é possível classificá-lo como Tare. Isso porque essa não é uma crença individual, e sim uma prática socialmente aceita e embasada em pensamentos críticos de maus tratos aos animais e ao planeta. O mesmo também se aplica a costumes religiosos.

Nos casos das intolerâncias e alergias alimentares, além de doenças autoimunes, como a doença de Crohn, esse quadro também não pode ser considerado um transtorno. Afinal, há outra motivação por trás dessa restrição, e não simplesmente uma fobia ou repulsa. "Quando se trata desses casos, não é uma questão psiquiátrica, porque existe uma causa orgânica que determina essa mudança alimentar", afirma Aratangy.

Além disso, apesar de também se caracterizar como um transtorno alimentar, o Tare não está ligado à insatisfação com o corpo, como em casos de anorexia e bulimia. Algumas pessoas, inclusive, optam por refeições altamente "palatáveis'', com índices consideráveis de açúcar, sódio e gorduras —dando nome ao termo "paladar infantil".